Quanto tempo vai durar a nova trégua em Gaza?

  • Por Caio Blinder
  • 27/08/2014 20h05
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EFE Caças israelenses atingem uma casa em campo de refugiados na Faixa de Gaza

Depois de 50 dias de guerra em Gaza e oito tréguas temporárias (nem sempre cumpridas), Israel e os palestinos, sob mediação egípcia, aceitaram uma trégua por tempo indefinido. Digamos que o cessar-fogo persista por dias, semanas, meses ou até por um par de anos. E daí?

Claro que cada dia é um dia sem foguetes palestinos em cidades israelenses ou sem bombardeios israelenses em Gaza. No entanto, continuamos sem luz no fim do túnel. Dificuldades ficarão ainda mais claras em programadas negociações que envolvem exigências palestinas para a suavização do bloqueio de Gaza (como um porto e um aeroporto) e as de Israel relativas à desmilitarizaç ão do território.

Na guerra de narrativas, existe o habitual triunfalismo do Hamas, apregoando vitória em mais esta guerra, em meio à sua indiferença pelos danos causados em Gaza, danos causados pela decisão do grupo de sequestrar e assassinar três adolescentes judeus na Cisjordânia, o estopim desta espiral de violência. Com o Hamas no comando, Gaza está condenada às trevas.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, acossado por gente à sua direita por não ter terminado o serviço e por uma população inquieta com o foguetório e terroristas saindo pelos túneis, precisa vender a ideia de que os bombardeios e os assassinatos de dirigentes do Hamas foram golpes devastadores. Já escutamos esta narrativa. A taxa de aprovação de Netanyahu, aliás, despencou nas últimas semanas.

O fundamental é que não existe um farol diplomático no conflito, enquanto soluções militares são ineficazes. O Hamas e outros grupos não vão destruir Israel.De sua parte, apesar de algumas fantasias da extrema direita, Israel não irá reocupar Gaza.

O fato é que qualquer serviço diplomático (diante da impossibilidade de um desfecho militar) exige a participação de Mahamoud Abbas, o desmoralizado líder palestino acampado na Cisjordânia.

No entanto, embora Israel veja uma oportunidade de algum tipo de retorno da facção de Abbas para Gaza, de onde foi enxotada pelo Hamas, e o potencial de alguns progressos diplomáticos na Cisjordânia, mas estima que o líder palestino está exagerando o seu papel. Israel não deve dar uma guinada e e aceitar o que recusou até agora em negociações com Abbas.

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