Renan cede à pressão do bom senso, e julgamento pode começar no dia 25; ameaça de Lindbergh é bravata

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 03/08/2016 11h25
Brasília - Os presidentes do Supremo, Ricardo Lewandowski, e do Senado, Renan Calheiros, discutem rito do processo de impeachment (Wilson Dias/Agência Brasil) Wilson Dias/Agência Brasil Renan Calheiros e Ricardo Lewandowski - ABR

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve se reunir nesta quarta com o do Supremo, Ricardo Lewandowski, para definir a data do início do julgamento de Dilma Rousseff.

Renan resolveu ceder à pressão do bom senso e anunciou que o julgamento de Dilma pelo plenário da Casa deve começar no dia 25 ou 26 deste mês, não mais no dia 29, como se havia aventando depois de uma conversa sua com o próprio Lewandowski.

“Com certeza, nós temos como concluir isso antes do final do mês. Vamos trabalhar para que isso efetivamente aconteça, porque a lei manda que levemos em consideração esses prazos”, disse Renan.

Os aliados de Dilma estrilaram. Por quê? Será que alimentam a esperança, ainda que vaga, de que ela possa voltar? A resposta é “não”. O único objetivo é criar dificuldades adicionais para o governo.

Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da oposição, protestou contra a mudança de data e disse que, se acontecer, a defesa apresentará uma lista com 40 testemunhas. É bravata!

Quarenta era o número de testemunhas que poderiam ter sido ouvidas pela Comissão Especial do Impeachment. Um acordo entre as partes reduziu esse número. E essa fase já acabou.

Sua ameaça não faz sentido porque o julgamento de Dilma no Senado segue o chamado “rito sumário”. Segundo o Artigo 532 do Código de Processo Penal, é cinco, para cada lado, o número máximo de testemunhas. Logo, a conversa de Lindbergh é pura lorota. Ele não poderá recorrer a esse expediente para postergar o julgamento.

Chegou-se a pensar em realizar sessões no fim de semana, mas depois se concluiu que isso poderia ser considerado uma interferência no processo. Os quatro dias terão de ser obtidos de outra forma.

Raimundo Lira (PMDB-PB), presidente da Comissão Especial, afirmou, por exemplo, que a acusação pretende usar apenas um dos dois dias a que tem direito para apresentar a peça acusatória. Renan cancelou ainda sessões deliberativas desta quarta e desta quinta para não inviabilizar o andamento da comissão especial do impeachment.

Os petistas tentam emprestar ares de escândalo a essa ligeira antecipação dos prazos, mas sabem que nada poderão fazer caso haja um entendimento entre Lira e Lewandowski.

Para concluir, observo que, a esta altura, até Dilma Rousseff deve andar um pouco angustiada. Esse processo precisa chegar ao fim, qualquer que seja o resultado: ou um fio de esperança ou o mergulho sem volta na melancolia.

É claro que espero o melhor resultado: o impeachment de Dilma.

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