Rodrigo Janot entra no radar das ruas

  • Por Jovem Pan
  • 17/08/2015 11h25
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O procurador-geral da República Pedro Ladeira/Folhapress O procurador-geral da República

O trabalho do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda está longe do fim. Será, como o de toda a Operação Lava-Jato, devidamente avaliado quando concluído. E, por isso mesmo, cumpre-nos ficar vigilantes. Felizmente e a tempo, Janot entrou no radar da sociedade civil. Lideranças do Movimento Brasil Livre e do Vem Pra Rua, em seus respectivos carros de som, chamaram o chefe do Ministério Público Federal às suas responsabilidades. “Ah, nem precisava…” Ah, caras e caros, precisava, sim!

Até os gramados de Brasília sabem que o acordão que tem de ser explodido passou pelas cercanias da Procuradoria-Geral da República, com reflexos no TCU. E isso foi devidamente percebido pelos movimentos que convocaram as manifestações. O, como chamarei?, perfil entre estoico e irascível dos procuradores de Curitiba não pode nos impedir de fazer algumas cobranças, não é mesmo?

A oposição encaminhou a Janot no dia 26 de maio um pedido de abertura de ação penal contra a presidente Dilma com base no Artigo 359 do Código Penal. Há quase três meses! Que dificuldade tem o procurador-geral de dizer um “não” ou, então, de encaminhar o pedido ao Supremo? Ele pode concordar com a oposição ou discordar dela. A questão jurídica que o pedido envolve é simples.

Da mesma sorte, Dilma foi citada ao menos 11 vezes nas delações. Alberto Youssef, por exemplo, diz que ela sabia de tudo. Janot já se manifestou diante do Supremo, opinando que, segundo entende, a presidente não pode ser denunciada no imbróglio da Petrobras porque os crimes são anteriores a este mandato. A matéria é controversa, para dizer pouco. Há juristas de primeira grandeza, com os quais me alinho, que pensam o contrário. Mas digamos que assim fosse, resta outra questão: investigada em inquérito, segundo jurisprudência do Supremo, ela pode ser. E, sobre isso, não há controvérsia.

Desde o começo, vocês são testemunhas, estranhei a lista de políticos de Janot. Fica-se com a impressão de que o PP era o partido-chefe do petrolão, não é mesmo? Há uma lista grande de parlamentares — muitos deles sem a menor importância —, e simplesmente não há ninguém do Executivo.

Querem mais? O que falta para que se peça ao menos a abertura de um inquérito para apurar a atuação de Edinho Silva e de Aloizio Mercadante? Quando o procurador-geral a pediu para Antonio Palocci, Eduardo Cunha e o próprio Renan Calheiros — no tempo em que ele ainda não era um neoconvertido —, o que havia além de testemunhos? No caso do presidente da Câmara, só havia uma acusação vaga de um policial. Julio Camargo veio muito depois.

Fazem bem as ruas quando põem Rodrigo Janot no radar. Para que ele saiba que estamos atentos. Até agora, meus caros, a lista dos políticos deixa muito a desejar, não é? O nome mais vistoso que lá se encontra é o de Cunha, justamente um inimigo jurado do PT e do Planalto. O maior esquema de corrupção jamais descoberto na história do país não deve ter sido liderado por uma gangue do PP, um partido menor da base aliada, não é mesmo?

A democracia e a verdade certamente nada têm a perder se a sociedade civil ficar atenta às ações do procurador-geral da República. Janot precisa aumentar logo a sua lista. Ou alguém acha mesmo possível que o petrolão tenha existido sem a participação de autoridades do Poder Executivo?

Estamos atentos, Janot! Muito atentos!

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