Trump é o indiscutível rei da mídia, e não há como fugir

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 24/02/2017 06h59
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EFE Donald Trump - EFE

O crítico de mídia do New York Times desafiou Donald Trump. Farhad Manjoo decidiu passar uma semana, ignorando notícias sobre o homem. Nada de ler, ver ou ouvir a respeito do quadragésimo-quinto presidente americano.

A experiência foi um fracasso. Trump é inescapável. Praticamente não existe uma zona livre do homem no eco-sistema de mídia digital. Na sua tentativa de abstinência, o crítico do New York Times descobriu que Trump reside em toda plataforma de informação, política ou não. Na expressão lapidar de Farhad Manjoo, Trump não é mais o mensageiro, ele é o meio.

A presença dele irrompe não apenas no noticiário. Vai além. Programas de entretenimento na televisão não resistem a alusões sobre Trump. Ele é inescapável e ubíquo. A experiência do crítico do New York Times foi na semana do Dia dos Namorados aqui nos EUA e até a Amazon sugeriu que ele comprasse papel higiênico Trump para sua mulher.

Claro que presidentes americanos são onipresentes. Qualquer um que esteja no cargo é a pessoa mais poderosa do mundo. Mas, o crítico do New York Times se aventura a dizer que ninguém na história, recente ou distante, dominou a mídia como Trump. Obviamente não há como medir o impacto quando Júlio César cruzou o Rubicão ou Hitler invadiu a Polônia. Trump nos invade de forma ininterrupta.

Farhad Manjoo diz que na maioria dos dias Trump preenche 90% das notícias no seu Twitter e Facebook, embora não represente 90% de importante do que acontece no mundo. Na semana de almejada abstinência, ele diz que encontrou uma rica cobertura de assuntos por aí afora, entre os quais, que o Brasil “parece estar à beira do caos”. Opa, e eu achava que Trump era o caos.

Com a Internet, as redes sociais e os retuítes é fácil hoje em dia multiplicar e acelerar a ressonância de qualquer coisa. Uma notícia que gera indignação ganha mais destaque na nossa rede social, criando mais cobertura, mais papo, mais indignação e assim por diante.

Já era assim antes de Trump. Um exemplo foi o carnaval no ano passado em torno do gorila Harambe, sacrificado no zoológico de Cincinnati quando se temia que matasse o garoto de três anos que ele agarrara. Trump acelerou a tendência. Ele é o Harambe da política, o indiscutível rei da mídia. Não há como fugir dele. Estamos na sua jaula.

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