Vitória de Cunha é derrota de Gilberto Kassab

  • Por Jovem Pan
  • 03/02/2015 15h52
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Gilberto Kassab Folhapress Gilberto Kassab

Reinaldo, tanto nos Pingos nos Is como na Veja, você havia afirmado que Gilberto Kassab, do PSD, ministro das Cidades, era um dos derrotados com a vitória de Eduardo Cunha para a Presidência da Câmara. Isso se confirmou?

Sim, se confirmou sim. Há muitos derrotados com a vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a Presidência da Câmara. A presidente Dilma Rousseff, obviamente, lidera a lista, seguida pelo PT como um todo. Mas também está lá no topo Gilberto Kassab, chefão do PSD e ministro das Cidades. Explico.

É um segredo de Polichinelo o esforço de Kassab para criar o que chamo de PMDB do B, que atenderia pelo nome do PL. A legislação abre uma brecha para que parlamentares mudem de partido no caso de criação de uma nova legenda. Kassab, então, está tentando repetir experiência anterior. Montado na máquina da Prefeitura de São Paulo, ele inventou o PSD. Agora, com o poderoso Ministério das Cidades nas mãos, criaria o Partido Liberal, que abrigaria os membros do PSD, é claro, e egressos de outras legendas. Assim, creio, o ministro pretende integrar o Livro dos Recordes como o maior criador de partidos do mundo.

É claro que é um despautério! E não é menos claro que o Planalto está por trás da nova legenda, como estava do PSD. A possibilidade só faz aumentar o que se pode chamar de “mercado da política”, que nada tem a ver, é claro!, com a política de mercado – esta, a rigor, os nossos homens públicos desconhecem porque gostam mesmo é das tetas do governo. Mas deixo isso para outra hora. Volto ao ponto.

Em entrevista à Folha, Cunha, novo presidente da Câmara, anuncia: “O Michel [ele está se referindo a Michel Temer, vice-presidente da República] vai contestar judicialmente a criação desses novos partidos que têm o objetivo claro de fraudar a legislação com vistas à futura fusão”. A jogada, aliás, é explícita demais. Nem requer tanto esforço interpretativo. Se, nas outras jornadas, o governo queria arrancar parlamentares da oposição, desta feita o objetivo é avançar mesmo no PMDB. É evidente que não é um bom modo de tratar os aliados.

Na entrevista, Cunha censura as articulações do Planalto para tentar impedir a sua candidatura, muito especialmente a ação do ministro Pepe Vargas, das Relações Institucionais. Indagado se é verdade que é um “inimigo íntimo” de Dilma, ele responde, rindo: “Íntimo por quê?”. Traduzo. Costuma-se dizer que uma inimizade é íntima quando não é explícita, quando não é clara, quando não é por todos reconhecida.

Parece que o presidente da Câmara, por enquanto, não faz questão de ter o afeto da dita “presidenta”.

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