Wall Street Journal é demolidor e desconstrói o Brasil

  • Por Caio Blinder/ JP Nova Iorque
  • 25/04/2016 08h59
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Policiais federais embarcam material apreendido na Eletronuclear, na Operação Radioatividade, 16ª fase da Operação Lava Jato (Fernando Frazão/Agência Brasil) Fernando Frazão/Agência Brasil - 28/07/15 Polícia Federal - ABR - PF coleta documentos na Operação Radioatividade
O Wall Street Journal foi simplesmente demolidor no fim de semana com uma reportagem desconstruindo o Brasil. Problemas gigantescos. Não é à toa que o título da reportagem, com jeito de ensaio, é “O problema gigante do Brasil”. E qual é o bicho-papão? O Estado. Os gastos governamentais representam 41% do PIB, o dobro da cifra dos Estados Unidos. O periódico vai lá atrás para contar a história. Trata-se realmente da história de um país anexado de forma longa e problemática ao conceito de um estado paternalísta, responsável por administrar os negócios da sociedade como um todo, desde suas maiores companhias aos seus cidadãos mais pobres. 
Entre os entrevistados, o ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso, definido com um intelectual esquerdista, que, no poder, tentou reduzir o tamanho do governo. Ele observa que será necessário um novo arranque para o progresso que não exclua o Estado, mas aceite os mercados. E esta ficha ainda não caiu no país.
 
A imensa reportagem salienta que o foco na corrupção faz com que se perca de vista o problema mais profundo que é este estado monstruoso. Nacionalismo ajuda a explicar sua persistência, atravessando regimes ditatoriais e democráticos, de direita e de esquerda.
 
Na fase mais recente, a eleição de Lula, em 2002, movimentou este Estado para melhorar a vida dos pobres com programas como o bolsa-família. A União Federativa inchou ainda mais, mas o retorno é questionável. Conhecemos o retrato de uma infra-estrutura precária e serviços educacionais e de saúde que deixam tanto a desejar.
 
O Wall Street Journal cita até o clichê de que o Brasil é um país com impostos escandinavos e serviços africanos. E a corrupção endêmica é legado deste estado monstruoso, Leviatã, na expressão mais sofisticada. 
 
A evidência escandalosa está, é claro, no Petrolão. A boa notícia é que a Operação Lava-Jato mostra um Judiciário mais independente e disposto a combater as teias do estado insidioso, no emaranhado que inclui políticos e empresários.
Na ressalva do Wall Street Journal, ainda não é claro se a Operação Lava-Jato é um divisor de águas ou uma cruzada isolada. E não será fácil enxugar o monstro estatal. Afinal isto depende de determinação política e, como observa o ex-ministro da Fazenda Ruben Ricupero, como esperar que políticos votem contra seu auto-interesse?
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