Abduch: Governadores têm 100% da responsabilidade pelo que aconteceu no país durante pandemia

Em comentário no programa ‘3 em 1’, empresário lembrou que Supremo Tribunal Federal deu aos estados a responsabilidade de cuidar da pandemia

  • Por Jovem Pan
  • 14/12/2020 17h54
DENNY CESARE/ESTADÃO CONTEÚDO Pessoas caminhando de máscara pelo centro de uma cidade Brasil se aproxima dos sete milhões de casos de coronavírus

Uma pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira, 14, mostra que 52% dos brasileiros acreditam que o presidente Jair Bolsonaro não tem qualquer culpa pelas mais de 100 mil mortes na pandemia do novo coronavírus no Brasil. De acordo com os dados, 38% das pessoas acreditam que ele é um dos culpados pelas mortes, mas não o principal e 8% acreditam que Bolsonaro é o maior culpado pelos óbitos causados com a Covid-19. A parcela que isenta o presidente durante a pandemia cresceu, já que era de 47% no mês de agosto, durante um dos ápices da doença no Brasil. A pesquisa foi tema de conversa entre os comentaristas do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, desta segunda-feira, 14. 

Tomé Abduch considera que as “atitudes brilhantes” do governo federal mantiveram a economia positiva e os governos estaduais não se preocuparam em manter posturas a favor do Brasil. “É importante relembrar que toda a forma de se cuidar dessa doença a nível nacional foi passada pelo Supremo Tribunal Federal não ao presidente da república, mas sim aos governadores. Se há uma culpa real, é dos governadores. Foram eles que decidiram fechar ou não as cidades, foram eles que decidiram a política que iam tomar em relação à forma de lidar com o coronavírus e são deles 100% da responsabilidade de tudo que aconteceu no país nos últimos anos”, pontuou. Segundo ele, medidas ruins foram tomadas no país em relação à testagem da população, transporte e indústria. Ele deu como exemplo uma iniciativa tomada pelo prefeito da cidade de São José dos Campos, em São Paulo, para controlar a abertura comercial da cidade. Segundo ele, o plano foi barrado pelo governador João Doria, que criou o Plano São Paulo para controlar a pandemia no estado. Até o momento, a unidade federativa é a que registrou maior número de casos e óbitos. 

Para Thaís Oyama, não dá para dizer que as mortes são culpa exclusiva de uma pessoa. Apesar da não imputação de culpa ao presidente, ela lembrou que a maioria dos entrevistados nessa mesma pesquisa apontou que o país não fez o necessário para evitar as mortes. “A culpa pelas mortes da pandemia é do coronavírus. A gente está, afinal de contas, no meio de uma pandemia que matou um milhão e meio de pessoas no mundo. Sem dúvida, não se pode atribuir a um único homem, ao presidente Bolsonaro, as mais de 150 mil mortes que tivemos aqui, mas a pesquisa também está longe de dizer que Bolsonaro é considerado um grande gestor na pandemia, ou a pesquisa não diz que presidente Bolsonaro não teve uma gestão desastrosa no combate à pandemia que as pessoas não perceberam isso”, afirmou. Ela lembrou que a pesquisa Datafolha também mediu a popularidade do presidente, registrando número de 37%, e disse que essa avaliação no meio de um mandato é um número ruim em relação aos antecessores do presidente, estando acima apenas da de Collor, que sofreu um impeachment. 

Para Diogo Schelp, a não relação de Bolsonaro com a pandemia por parte da população faz parte de uma estratégia articulada pelo governante desde o início da crise de Covid. “O que ele fez foi se eximir da responsabilidade. Ele se eximiu de liderar o país para adotar as medidas que eram necessárias, ainda que duras e impopulares, para evitar o maior número possível de mortes. Essa postura do Bolsonaro é uma postura com a qual muitos dos brasileiros se identificaram. É uma postura determinista, darwinista, com um destino inevitável”, pontuou. Ele lembrou de frase dita pelo presidente ainda no começo da pandemia, afirmando que “alguns vão morrer” e que isso faz parte da vida. “De fato ele tinha uma responsabilidade que precisava ser assumida, que ele não assumiu e preferiu jogar nas costas dos governadores”, afirmou, lembrando que essa estratégia não funcionou nos Estados Unidos e terminou na não reeleição de Donald Trump. 

Confira o programa ‘3 em 1’ desta segunda-feira, 14, na íntegra:

 

 

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