Constantino: Fachin, que tornou Lula elegível, é militante, partidário e simpatizante do PT

Comentarista do ‘3 em 1’ acredita que decisão que devolve direitos políticos ao ex-presidente Lula servirá como o maior cabo eleitoral de Jair Bolsonaro

  • Por Jovem Pan
  • 08/03/2021 18h13
Mateus Bonomi/Estadão Conteúdo Homem de terno, gravata, toga e cabelos calvos e grisalhos Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin assinou acordo para que duas instituições internacionais possam atuar nas eleições como observadores

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, decidiu nesta segunda-feira, 8, anular todas as condenações envolvendo o ex-presidente Lula emitidas pela Justiça Federal no Paraná relacionadas às investigações da Operação Lava Jato. A decisão devolve ao petista todos os seus direitos políticos e o torna elegível. Fachin atendeu a um recurso da defesa de Lula que argumentou que a 13ª Vara Federal de Curitiba, antes comandada por Sergio Moro, não era um juízo competente para processar e julgar o petista. Na avaliação do ministro, a Justiça Federal do Distrito Federal (JFDF) deveria ter feito isso desde o início. Com o parecer do STF, são anuladas as decisões sobre o processo do sítio de Atibaia, do triplex do Guarujá e de outros dois processos envolvendo o Instituto Lula. O ministro explicou que quando o plenário do STF julgou o inquérito contra a presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffman, no caso Consist, ficou definido que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha atribuição para julgar processos da Lava Jato que não se relacionassem diretamente com devios na Petrobras. Agora, os processos serão novamente julgados pela JFDF, que dirá se os processos podem ser reaproveitados. O assunto foi tema de debate entre os comentaristas do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, nesta segunda-feira.

Rodrigo Constantino afirmou que antes de falar sobre qualquer cenário eleitoral, é importante olhar a gravidade da decisão de Fachin. “Infelizmente, eu não recebo com tanta surpresa. Acho que isso vem sendo gestado faz tempo e não é por acaso que institutos de pesquisa e a mídia em geral consideram cenários com Lula disputando a eleição, lembrando que ele é inelegível, ou era, até a decisão do Fachin hoje”, afirmou. O comentarista lembrou de outras decisões do ministro do STF, o considerando como “defensor do MST, que declarou voto na Dilma Rousseff, que lamentou recentemente que Lula não estava nas urnas”. “Ou seja, ele é um militante, partidário, simpatizante dessa turma aí”, disse. Entrando no debate eleitoral, Constantino acredita que a decisão de tornar Lula elegível será favorável a Bolsonaro. “O Supremo Tribunal Federal ao agir assim tem sido o maior cabo eleitoral de Bolsonaro, por motivos muito óbvios. Quem é o antípoda do Lila? O Bolsonaro. Não é um tucano. Ninguém acredita num discurso de tucanos fazendo oposição a Lula. Basta citar o governador de São Paulo, João Doria, que em uma entrevistas nesses dias disse que Lula cumpriu o seu papel e Dilma também”, recordou.

Para ele, não é possível afirmar que as instituições estão funcionando no Brasil. “Na minha opinião já passamos dessa fase de demonstrar respeito e debater a tecnicidade de uma decisão eminentemente política. São decisões políticas de um Supremo Tribunal Federal emparelhado e que vem agindo como militante, com um ativismo judicial escandaloso”, afirmou, garantindo que ele tem vergonha de tocar no assunto com estadunidenses. Constantino lembra que a série de toques de recolher impostos no Brasil com justificativa de conter o coronavírus impedirão que brasileiros saiam às ruas para protestar contra a decisão e garantiu que “o que estamos vendo é a tentativa de anular de vez tudo aquilo que um dia alimentou a esperança do brasileiro, que era a Operação Lava Jato”, afirmou.

Marc Sousa considerou a decisão como lamentável e um exemplo de que o crime pode compensar no Brasil. “Desde que você seja rico e poderoso, que é o caso do Lula. O Lula é milionário e é poderoso, consegue fazer o Supremo trabalhar ao seu dispor”, afirmou. Ele lembrou que o trabalho da operação em Curitiba tem sido atacado e considerou Fachin como um “petista histórico” que ensinava na Universidade Federal do Paraná. “Ele participava de campanhas de prefeito, vereador… É um petista histórico de carteirinha”, disse, o considerando como parcial. “Ele, monocraticamente, em uma canetada, com um argumento que já tinha sido discutido, rediscutido, discutido de novo pelo Supremo, reabilitou Lula às eleições e em uma canetada acabou com o trabalho feito nos últimos anos”, disse. O jornalista lembrou que muitas pessoas falam sobre Sergio Moro, mas outras sentenças contra Lula foram validadas por outros magistrados, o que demonstra um desrespeito do ministro a todos os outros juízes.

Estreando no programa “3 em 1” nesta segunda-feira, a jornalista Amanda Klein lembrou que o ministro Fachin sempre proferiu decisões favoráveis à Lava Jato e garantiu que o ocorrido nesta segunda-feira surge como uma reviravolta. “A tese que circula agora em Brasília é que essa seria uma forma de gerar um mal menor para a Operação Lava Jato, e por quê? Porque tem aquele julgamento da suspensão de Sergio Moro, que poderia levar a uma anulação da condenação do presidente Lula, com todas aquelas mensagens da vaza-jato, isso está nas mãos do Gilmar Mendes, ele é o relator, e ele já havia dito que iria colocar isso para votação ainda no primeiro semestre deste ano. Então essa decisão do Fachin, segundo essa tese corrente em Brasília, pode ter vindo para salvar o Moro, para não anular toda a operação da Lava Jato, mas o preço disso seria salvar o Lula”, afirmou. Ela lembrou que essa não é a primeira vez que os advogados de Lula usam esse argumento para tentar livrar o ex-presidente das acusações e que a operação tem recebido uma sequência de golpes, tendo o fim da força-tarefa como uma espécie de “morte simbólica”.

Confira o programa “3 em 1” desta segunda-feira, 8, na íntegra:

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