Lula, acordaram o monstro; um pesadelo para o Brasil

Ainda aposto na racionalidade do plenário do Supremo; sinais claros indicam que mesmo liberado, o petista não será candidato, mas promete barulho

  • Por José Maria Trindade
  • 08/03/2021 17h33 - Atualizado em 08/03/2021 17h39
EFE Máscara do ex-presidente Lula Ministro do STF anula todos os processos contra Lula na Lava Jato e torna ex-presidente elegível

Quando o ministro do Supremo, Edson Fachin, em lamentos,  endossou a tese de que há um trabalho contra a democracia e descredibilização das eleições, já preparava terreno para a mais agressiva atitude contra a Lava Jato. O ministro Edson Fachin, relator no Supremo, decretou o fim da força tarefa que fez o Brasil sonhar com Justiça. A decisão é pesada e anula praticamente todo o trabalho do grupo que reuniu procuradores, auditores da Receita, policiais federais, delegados e peritos. Nem a defesa do ex-presidente Lula esperava a decisão. De tão forte, o próprio ministro Fachin determina a perda de sentido de outros pedidos, inclusive o de parcialidade do juiz das condenações, Sérgio Moro. A canetada mata no nascedouro o processo e anula o recebimento da denúncia.

Ao assumir a presidência do Supremo, o ministro Luiz Fux garantiu que acabaria ou reduziria as decisões liminares, como esta do ministro Fachin. Apontou também que todas as medidas sobre a Lava Jato seriam levadas ao plenário num prazo curso, para a decisão definitiva e colegiada e na primeira reunião administrativa aprovou regras sobre decisões monocráticas. Ou seja, logo que um ministro assinasse uma liminar, o plenário seria convocado. Então agora é cumprir, o plenário do Supremo e não a segunda turma é que deve decidir sobre a anulação dos processos contra o ex-presidente Luiz Inácio. Foi uma decisão política e não jurídica. Sempre se soube por aqui que os tribunais superiores são políticos, mas nunca foi tão claro e explícito. É decisão para mandar as crianças saírem da sala. Um cavalo de pau na política.

Justamente no dia em que o levantamento do Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria mostra a possibilidade de Lula ter maior potencialidade de votos do que o presidente Jair Bolsonaro a viabilidade eleitoral do petista é reconstituída. Mesmo com esta decisão que ainda depende do plenário do Supremo, acredito num 2022 sem a presença do nome de Lula como candidato. Ainda não são favas contadas, mas era o que esperavam os aliados do presidente Jair Bolsonaro. Todos querem mesmo o enfrentamento com o PT. É o que há de melhor para os dois. O PT, por alavancar um discurso e formar bancada na Câmara, Senado e pelas assembleias. Se perder, ganha por chegar ao segundo turno. Para o presidente Jair Bolsonaro, é o melhor dos mundos, por evitar um nome forte de centro que poderia ameaçar a sua reeleição. Só que com o ânimo revigorado, o ex-presidente Lula pode mesmo virar o jogo e formar a situação de “tempestade perfeita”. Um pesadelo para o Brasil que ainda não se recuperou dos governo petistas. Sendo racional e avaliando as variáveis, fica difícil acreditar na candidatura Lula. A eleição será em 2022 e me contam que ele não está muito animado para esta guerra. Mas antes de mais nada, vale a pena ainda acreditar no plenário do Supremo e no instinto de sobrevivência dos ministros.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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