‘Não dá para chamar isso de plano’, diz Oyama sobre logística de vacinação anunciada pelo governo

Divulgação do plano de vacinação contra novo coronavírus por parte do Ministério da Saúde foi assunto do programa ‘3 em 1’ desta quarta-feira

  • Por Jovem Pan
  • 16/12/2020 18h09
ADRIANA TOFFETTI/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 10/12/2020 Os cinco diretores da agência se reunião neste domingo para votar pela autorização ou vejo do uso emergencial das vacinas

O Governo Federal lançou nesta quarta-feira, 16, o Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19. Ainda não há data para início da imunização no Brasil, mas o Ministério da Saúde informou que a aplicação das doses pode começar em até cinco dias após aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que toda população deve ser vacinada em até 16 meses. No plano, também há acordo para a aquisição da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde minimizou a espera pelo plano. “O povo brasileiro tem capacidade de ter o maior sistema único de saúde do mundo, de ter o maior programa nacional de imunização do mundo, nós somos os maiores fabricantes de vacina da América Latina, Para que essa ansiedade, essa angústia?”, questionou. Nos próximos dias, O Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir sobre a possível obrigatoriedade do imunizante nos brasileiros. Toda a polêmica em torno da vacina do novo coronavírus foi tema de debate entre os comentaristas do programa “3 em 1”, da Jovem Pan, nesta quarta.

Ao falar do anúncio de Pazuello, Thaís Oyama voltou a defender que o governo federal não se mostra preparado para lidar com a vacinação. “Eu continuo dizendo que não dá para chamar isso de plano, continua sendo um esboço baseado em assinaturas de memorandos de entendimento, que nada mais são do que acordos que sinalizam a intenção de compra”, afirmou. Para ela, os “prazos fictícios” dados pelo governo de Bolsonaro se baseiam em um quantitativo de vacinas “que equivale a zero”. A jornalista considera como importante a inclusão da CoronaVac no plano de imunização do governo, mas acredita que há interesses específicos por trás disso. “O governo fez isso porque a CoronaVac está na iminência de ser aprovada pela agência de vigilância sanitária chinesa, isso deve acontecer já na próxima semana, e pela lei brasileira aprovada em fevereiro, em qualquer vacina sendo aprovada por uma das quatro agências mundiais que são consideradas referências nessa área de análise de medicamentos, em isso acontecendo, a Anvisa tem 72 horas para aprovar ou se manifestar contrária a isso. Ela se mostrando contra ou a favor, a coisa tem que seguir à revelia dela”, lembrou. Ela disse, ainda, que caso a Anvisa não obedeça à lei, ela dá margem para que o governador de São Paulo, João Doria, entre com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) em busca de liminar para aplicar a vacina no Brasil.

Para Tomé Abduch, a divulgação do plano marca um dia importante para o Brasil. Ele lembrou que o ministro garantiu que todos os brasileiros deverão ser imunizados sem distinção de região do país. “É muito importante deixar claro para a população brasileira que não existe um plano dos governos estaduais, e sim um plano do governo federal, que todo mundo deve ser igual, independente do estado em que você está”, afirmou, parafraseando Pazuello. Ele considerou a intenção de imunização com a CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em São Paulo, como um sinal de maturidade do presidente Jair Bolsonaro e criticou a possibilidade do Supremo Tribunal Federal decidir pela obrigatoriedade da droga. “Acho que nós vivemos num país democrático onde as pessoas têm os seus direitos garantidos e você obrigar a pessoa a fazer uma coisa que ela não queira seria de uma extrema indelicadeza com a população brasileira”, pontuou.

Diogo Schelp lembrou que há motivos para indignação e ansiedade diante das mortes, da instabilidade da economia e das incertezas sobre a imunização na situação atual do país, que ainda registra cerca de 900 óbitos diários pelo coronavírus de acordo com dados do próprio ministério. Ele considera o julgamento por parte do STF como uma discussão não prioritária no momento. “Para mim é um diversionismo das questões que são realmente relevantes nesta pandemia. Apesar dessa proporção ter diminuído, de fato oito em cada dez brasileiros dizem que querem se vacinar, então ainda não há sequer a garantia de que vai ter dose para todo mundo”, afirmou. Ele acredita que o governo federal saiu da inércia após sentir a pressão popular no que diz respeito à inclusão da CoronaVac e à articulação do plano de vacinação.

Confira o programa “3 em 1” desta quarta-feira, 16, na íntegra:

 

 

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