CEO da Neon conta trajetória que o levou a criar primeira conta digital do Brasil aos 24 anos

Pedro Conrade começou com uma loja de biquínis no Guarujá, aos 16 anos; o empresário foi o convidado do programa Conselho de CEO, da Jovem Pan, desta terça-feira, 9

  • Por Jovem Pan
  • 09/02/2021 16h31
Neon/Twitter/Reprodução Pedro Conrade é fundador da Neon

O entrevistado do programa Conselho de CEO, apresentado pelo jornalista Carlos Sambrana, desta segunda-feira, 9, é Pedro Conrade, da fintech Neon. Com apenas 29 anos, ele foi responsável, em 2015, pela criação da marca, a primeira conta digital do Brasil. Desde então, viu a instituição levantar mais de R$ 2 bilhões em aportes, atingir mais de 10 milhões de clientes, comprar empresas e visar entrar em novos mercados. Apesar da pouca idade, o CEO tem uma longa trajetória no mundo do empreendedorismo: aos 16, abriu uma loja de biquínis no Guarujá, no litoral paulista. Ele se formou em administração de empresas na FGV e em empreendedorismo na Babson College, em Boston, trilhando uma carreira no mundo digital, criando um banco que disputa espaço não só com instituições tradicionais, mas com outras plataformas digitais surgidas nos últimos anos.

A carreira de Pedro começou a partir da percepção da necessidade de amigas que iam de São Paulo para o Guarujá, onde ele morava, e não encontravam bons biquínis para comprar no litoral. “Eu falei: calma aí, aqui tem uma oportunidade”, lembrou. Conciliando os estudos com o trabalho, ele contou com a ajuda do pai e abriu uma loja na cidade, fazendo viagens para a capital periodicamente para comprar as roupas de banho e vender pelo dobro do preço. A princípio, o sonho dele era ter uma loja de biquínis, mas após vivenciar a cidade de São Paulo, ele decidiu vender a loja, focar nos estudos e passar a mergulhar no mundo do empreendedorismo digital com uma empresa de compras coletivas que não foi para a frente. “Foi a segunda lição que a vida me deu de empreendedor. A gente era uma empresa de tecnologia que não tinha nenhum programador, ninguém entendia nada de tecnologia dentro da empresa, então foi um total desastre”, recordou.

Para ele, ter pouca noção dos desafios existentes para abrir um banco digital foi um ponto positivo, já que isso poderia desencorajá-lo. A vontade de criar o Neon surgiu de um problema pessoal, quando ele usou R$ 1 do limite de crédito especial e teve mais de R$ 40 de tarifa cobrado por início de uso de crédito. “Eu parei para olhar o quanto eu pagava de tarifa. Eu gastava quase um salário mínimo ao ano de tarifa e eu usava uma conta e um cartão. Era simples assim. Faz sentido eu ter que pagar tanto dinheiro para ter uma conta e um cartão? Será que não existe outro modelo?”, questionou. Ele percebeu que o país tinha poucas ofertas de bancos e decidiu criar a conta digital para facilitar a vida do usuário, abrindo cinco mil contas no primeiro dia de funcionamento. “Acho que as pessoas estavam cansadas de burocracia, de ir até a agência, de ter que falar com todo mundo, ter que pagar por tudo”, analisou. Investidores anjos foram responsáveis por gerar o capital de R$ 855 mil para construir a empresa do zero. Hoje, em várias rodadas de investimento, mais de US$ 2 bilhões já foram captados.

Com o crescimento da marca ao longo dos anos, a empresa de 1 mil funcionários busca contratar mais 600 pessoas até o meio de 2021. As vagas vão do time de finanças ao time de design e produto, passando pelo setor de compliance, marketing e da área legal. A escalada da empresa gera o desafio de como manter a cultura inicial da marca. “A gente não pode esquecer nunca que a gente está aqui pelo cliente. Como vamos respira esse ar de entender o que o cliente precisa, qual é o próximo passo, como a gente está se sentindo e assim por diante? Sem dúvida é um desafio muito grande”, pontuou.

Desafios

A trajetória de Conrade na Neon também foi composta por desafios. O banco parceiro da fintech, que podia fazer a custódia e liquidação dos ativos, usou o nome da empresa e, após um tempo, foi liquidado pelo Banco Central por irregularidades. “Ele não tinha nenhuma relação com a Neon, mas impactava porque era nosso banco parceiro. Quando saiu nos jornais, a Neon era muito mais conhecida do que de fato aquele banco parceiro, então foi minha cara que saiu em todos os jornais”, recordou. A suspensão nas operações durou três dias e um novo banco parceiro ofereceu apoio para a retomada. “Essas pedras no caminho são importantes para a gente ficar cada vez mais forte”, analisou Conrade. Para ele, essa experiência mostrou a importância da verticalização do negócio. O CEO enxerga a abertura de capital da empresa como um caminho natural, mas que só deve ocorrer no futuro. “A gente ainda vê que tem algumas etapas para a gente chegar lá”, estipulou.

Para ele, a pouca idade nunca gerou repreensão por parte de investidores, mas toda a insegurança gerada pela pouca experiência dele foi revertida com o cumprimento de promessas no prazo prometido. “Execução e números. Contra fatos, não há argumentos. É mais uma questão de arregaçar as mangas e fazer dar certo”, afirmou. Como conselho de CEO para os que pensam em seguir carreira, Conrade lembra da importância de executar os projetos e não se limitar pelas incertezas e questionamentos. “Acho que é importante você se planejar, sim, mas às vezes começar é o melhor jeito. Pega e faz. Você vai quebrando um desafio por vez”, aconselhou.

Confira o programa “Conselho de CEO” desta terça-feira, 9, na íntegra:

 

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