CEO da Uber no Brasil explica estratégias para vencer prejuízo durante a pandemia
Entre as estratégias traçadas durante a crise provocada pelo novo coronavírus estão o investimento na área de delivery e a aquisição de uma empresa de personal shopper
A entrevistada do programa Conselho de CEO, apresentado pelo jornalista e comentarista de negócios do Jornal da Manhã, Carlos Sambrana, nesta terça-feira, 3, é Claudia Woods, CEO da Uber no Brasil. Coordenando a empresa desde o começo de 2019, a brasileira formada em economia pela Bowdoin College e mestre em negócios pela Universidade Federal do Rio de Janeiro explicou as estratégias traçadas pela empresa para sobreviver à crise econômica mundial causada pela pandemia do novo coronavírus. Após chegar a perder 80% do alcance do serviço de “ride sharing” (transporte de passageiros por aplicativos) com o lockdown e as medidas de isolamento social no primeiro semestre, a empresa acelerou planos já traçados em outros momentos para correr atrás do prejuízo, investindo em aprimorar o setor de deliverys (Uber Eats) e até mesmo adquirindo a Cornershop, serviço de personal shopper e deliverys nos mercados.
Claudia Woods lembrou que a empresa se baseia em três pilares para pensar seu desenvolvimento: funcionários, motoristas/entregadores parceiros e as cidades. No caso dos funcionários, ainda no começo da pandemia a maior parte deles foi para home office. Os parceiros, por sua vez, receberam material de higienização dos veículos, descontos em atendimentos médicos e telemedicina e auxílio financeiro de até 15 dias. “Isso foi extremamente importante para dar tranquilidade tanto para os parceiros que eram grupo de risco e optaram por não dirigir durante esse período, quanto para os parceiros que foram efetivamente impactados pelo Covid-19”, afirmou. Em relação às cidades, Woods lembrou que cada uma tinha uma necessidade específica. No caso dos carros, alguns motoristas foram convidados a distribuir cestas básicas arrecadadas para comunidades, outros, realizaram corridas gratuitas para doadores de sangue. No caso do delivery, a reformulação do aplicativo Uber Eats jogou luz naqueles restaurantes pequenos que estavam lutando para sobreviver economicamente durante a pandemia. “Tiramos taxas e fizemos realmente com que o aplicativo recomendasse esse restaurante de bairro como uma forma de ajudar as cidades”, explicou.
No segundo semestre de 2020, a empresa abraçou um novo grupo de funcionários ao trazer o Uber Taxi para São Paulo após uma demanda forte de grupos de clientes no país. Questionada sobre a antiga “rivalidade” existente entre os motoristas de aplicativo e os taxistas, Cláudia foi enfática ao lembrar que isso é algo que fez parte da história da empresa ainda na chegada dela ao país, há mais de cinco anos. “Eu não considero eles como inimigos, pelo contrário, considero como um complemento extremamente importante da nossa plataforma, do nosso portfólio. Esse ano isso já estava no nosso plano, no plano original a gente queria ter feito isso no nosso primeiro semestre, obviamente foi adiado até alguns meses atrás pelos motivos óbvios”, explicou.
Questionada sobre os planos da empresa de fazer lucro em breve, já que ela apresenta desde a criação prejuízos anuais, a CEO não deixou de ser otimista. “Nosso CEO global assumiu no ano passado o compromisso da empresa ser lucrativa em 2020, infelizmente nenhum de nós tinha uma bola de cristal que poderia prever o que está acontecendo no mundo. Esse compromisso obviamente terá que ser reestudado, mas acredito que esse objetivo seja completamente possível”, afirmou, lembrando que o serviço de ride sharing já é lucrativo para a empresa em uma escala mundial e que o aprendizado com ele deverá ser transferido para outros negócios administrados pela Uber no Brasil e no mundo. Ela lembrou, ainda, que o compromisso com o crescimento da empresa é feito de forma sustentável, focando mais no ecossistema dos parceiros do que nos lucros. Entre os conselhos de CEO de Woods estão focar em fazer um bom trabalho, construir uma história que faça sentido para você e não ter medo de errar e de se reinventar dentro de uma empresa. “Seja crítico, faça muitas perguntas e aproveite aquele momento de cada problema que você está resolvendo, de cada projeto que você está tocando, para trazer esse conhecimento para resto da vida. A única forma de você fazer isso é entrando a fundo”, finalizou a CEO, lembrando que por mais que você suba na carreira e passe a gerir times e administrar cargos altos, é importante fugir da superficialidade e investir na profundidade das relações com todos.
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