Conselho da ONU não toma decisão sobre guerra por ‘racha’ entre membros permanentes, dizem especialistas
Convidados do programa ‘Direto ao Ponto’, do Grupo Jovem Pan, analisaram a escalada do conflito entre Israel e Hamas nesta segunda-feira, 9
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) fez a sua primeira reunião para tratar sobre a guerra entre Israel e Hamas, neste domingo, 8. Apesar do encontro emergencial, ainda não houve consenso entre os embaixadores sobre as medidas que a organização deveria tomar neste momento. Durante o programa “Direto ao Ponto”, do Grupo Jovem Pan, especialistas concordaram que a falta de uma decisão se deve a um antigo “racha” entre os cinco membros permanentes do Conselho, sendo eles: EUA, França, Reino Unido, Rússia e China. “O órgão que deveria ter tomado essas atitudes é a ONU. Mas a falta de resolutividade por parte do Conselho de Segurança mostra um pouco do retrato geopolítico que a região vive. EUA, França e Reino Unido de um lado, enquanto Rússia e China estão de outro. Por esta razão, a ONU não chegou a uma decisão sobre a guerra e eventuais ações humanitárias naquela região. No fim das contas, Israel e a Palestina ficaram reféns das próprias forças. Países que têm nacionais, como o Brasil, dependem das próprias pernas para que os nacionais sejam recuperados. É uma ação desorganizada porque não se tem comandos efetivos em Israel ou na Palestina. As pessoas estão desesperadas lá”, disse Acácio Miranda, mestre em Direito Internacional.
Para Frederico Afonso Isidoro, advogado especialista em Direito Internacional, já era esperado que a reunião não definisse medidas efetivas para a diminuição na escalada do conflito. Para o convidado do Grupo Jovem Pan, a ONU não cumpre o seu papel há muitos anos. “Eu não esperava nada. Sou muito cético quanto a ONU há muito tempo. Se a ONU não virar a chave, não vai completar 100 anos. Quando a gente volta na história da Primeira Guerra, a Liga das Nações, que era a ONU da época, tinha a missão de não ter uma Segunda Guerra. Quando estou a nova guerra, em 1939, a Liga das Nações perde a utilidade. Aí começa a construir um Conselho de Segurança, que se transforma na ONU. A ONU tem como primeiro princípio manter a paz e a segurança internacional. Não é um órgão de direitos humanos. Então, a ONU virou extremamente política. Manda quem paga. Ela não tem identidade. Os cinco maiores mandam. Todos os órgãos da ONU têm uma natureza de recomendação. O único que tem uma decisão que obriga é o Conselho de Segurança”, declarou.
Já o advogado Maurício Felberg, por sua vez, chama atenção para o histórico entre China e Estados Unidos como o principal ponto da falta de união entre os membros. “Eu também gostaria de uma reação mais rápida, mas tudo que não pode haver é uma mera reação. Precisa ver bem a estratégia. Com relação a ONU, a China é parceria comercial de Israel, já construiu túneis enormes no país. Mas a China não vota com os Estados Unidos no Conselho de Segurança. Ela olha a distância. A ONU não vai resolver o problema. Israel vai ter que resolver com guerra. Não há outra solução para isso. A previsão é que isso seja resolvido em semanas ou até meses”, pontuou.
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