‘Nada justifica o fechamento das escolas’, diz Rossieli Soares
Secretário de Educação do estado de São Paulo reconhece receio das famílias no retorno em meio ao agravamento da pandemia, mas afirma que retomada é fundamental para desenvolvimento do aluno
Entrevistado do programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, desta segunda-feira, 25, o secretário de Educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares afirmou que “nada justifica o fechamento das escolas”, mesmo em meio ao agravamento da pandemia do novo coronavírus. Ministro da Educação na gestão do ex-presidente Michel Temer, Rossieli defende engajamento da sociedade, a fim de evitar agravamento do que chama de “massacre educacional”. “Desde junho [de 2020] estou dedicado a dizer que temos condições de voltar, mas não normalmente, com ambiente controlado, com distanciamento. Voltar às aulas, sim, porque é insubstituível, mas com segurança. Em 8 de setembro [de 2020] começamos as atividades extracurriculares na rede de ensino, 2 milhões de alunos passaram pelas escolas e não tivemos nenhum caso de transmissão”, disse.
O secretário de Educação do governo João Doria (PSDB) também explicou o adiamento, em uma semana, do retorno às aulas na rede estadual de ensino. “Optamos por ter mais uma semana de planejamento. Vamos estender por uma semana para comunicar as famílias. Uma coisa é preparar uma escola, a outra é preparar toda a rede estadual para dizer quem vai. Porque será um rodízio. Sentimos necessidade de ajustar isso, porque sentimos que há receio nas famílias. Quando fizemos o desenho [do retorno, não esperávamos que todo o estado estivesse na fase vermelha. Se tiver alguma mudança substancial, pode haver uma mudança. Fizemos essa adaptação, mas se chegar na fase amarela é obrigatória a presença de até 70% dos alunos”, explicou.
Para Rossieli Soares, a reabertura das escolas deveria ser “uma unanimidade” na sociedade. “Nada mais justifica o fechamento das escolas, porque nós aprendemos. Hoje precisamos mostrar para a sociedade que o pai não está preservando seu filho ao deixá-lo em casa, mas o colocando em um risco ainda maior. É um massacre educacional o que estamos fazendo no Brasil. Esse é o ponto chave. Estamos perguntando se devemos ou não voltar às aulas, mas a pergunta deveria ser o que faço para voltar. Deveria ser unanimidade a escola aberta. O bar está aberto, tudo está aberto e a escola está fechada. “Tem muita hipocrisia, falando a verdade. As pessoas adoram bradar que educação é prioridade. Essa é a hora de dizer que é prioridade. Essa é a hora de pressionar governos municipais, estaduais e federais a acharem uma solução. Os pais precisam dizer que seus filhos precisam estar na escola, aprendendo. Tivemos um grande problema de comunicação. Para falar que não podia ter aulas, houve espaço gigantesco na imprensa. Para defender que é preciso voltar as aulas o espaço é menor”, disse.
O secretário afirma que as primeiras semanas das atividades serão de conscientização. “O pai ou a mãe estão com sintomas? Não vá para a escola. Criamos um sistema de monitoramento. Durante duas semanas faremos muitas rodas de conversa, ouvindo muito eles, entendendo quais são as angústias”, explicou. Rossieli Soares também defendeu o sistema híbrido e ressaltou que a tecnologia não substituirá o professor. “O ensino híbrido veio para ficar, mas sem substituir o presencial. O medo que os professores tinham de ser substituídos pela tecnologia acabou. A tecnologia não vai ser inimiga dos professores. Fizemos investimento de 1,5 bilhões de reais em tecnologia, investimos em Wi-Fi para 100% das escolas, computadores. Estamos fugindo desse conceito de laboratório, é a sala de aula que vai se transformando. Isso por si só não é suficiente. Quando a gente fala de educação híbrida, quero aluno em tempo integral na escola”, afirmou.
Por fim, Rossieli afirmou que o Ministério da Educação deveria assumir o protagonismo no debate sobre a volta às aulas. “Na solução de busca por tecnologia, poderíamos ter caminhado muito mais em conjunto ajudando estados e municípios que mais precisam. O Ministério da Educação demorou para entrar na discussão da volta às aulas. O ministério da Educação deveria ter se colocado na liderança do debate de volta às aulas. Você não vê uma campanha forte. O Ministério tem direito a ter propaganda na televisão. É uma concessão: a televisão tem que dar cinco minutos diários para a Educação. Aquilo é um canhão de informação para que as pessoas estivessem mais informadas na volta às aulas. Estão se posicionando agora e espero que se coloquem cada vez mais. Em São Paulo estamos batendo bumbo pela volta às aulas, mas outros lugares podem não voltar e isso vai virar uma guerra. Espero que o Ministério assuma a liderança que precisa ter”, ponderou.
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