Salim Mattar diz que Congresso impede privatizações: ‘Não há interesse em reduzir o tamanho do Estado’
Ex-secretário especial de Desestatização acredita que Legislativo prejudica agenda de Paulo Guedes e afirma que é a favor do liberalismo
O ex-secretário especial de Desestatização do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Salim Mattar, disse que o Congresso brasileiro impede as privatizações das empresas estatais. O empresário e fundador da empresa de aluguel de carros Localiza foi o entrevistado do programa Direto ao Ponto, transmitido toda segunda-feira às 21h30 no canal do Youtube da Jovem Pan News e no Panflix. A entrevista foi comandada pelo apresentador Augusto Nunes e contou com a participarão de Valéria Bretas, editora de finanças do Estadão Investidor, Silvio Navarro, editor-executivo da “Revista Oeste” e comentarista da RedeTV!, Branca Nunes, editora da “Revista Oeste”, e Denise Campos de Toledo, jornalista da Jovem Pan e apresentadora do “Economia em Foco”. No programa, Mattar estabeleceu uma relação entre a ausência de uma bancada liberal e a dificuldade de privatizar as estatais no Brasil, que, segundo ele, totalizam 698 empresas. “O ministro Paulo Guedes é um liberal na essência. Por ele, seriam vendidas todas as estatais. O que acontece é que as grandes estatais brasileiras necessitam de o Congresso autorizar a venda. O Congresso não deseja que se privatize. Não há interesse em reduzir o tamanho do Estado. No executivo, poucas vozes defendem a privatização. As pessoas que estão no governo precisam saber que a desigualdade é proveniente de um Estado burocrático e oneroso ao cidadão pagador de imposto. Quando tiverem ciência disso, iniciarão um processo de diminuição do tamanho do Estado”, afirmou Mattar.
Além disso, ele afirmou que as bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado agem de acordo com seus interesses e impedem que pautas consideradas importantes por Mattar sejam votadas. “Hoje, um governo sem o Congresso não consegue governar. Nós não temos uma bancada liberal no governo. Na realidade, o estabilishment não deseja que reduza o tamanho do Estado para que possam ser mantidos os seus privilégios. Um exemplo do estabilishment: o presidente do Senado pediu para arquivar todos os processos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Significa que, de certa forma, eles querem que as coisas continuem como estão, não querem grandes transformações”, disse o ex-secretário.
Continuidade de Paulo Guedes e apoio a Bolsonaro
Questionado sobre o destino de Paulo Guedes, Mattar mostrou apoio ao ministro e disse que o manteria no cargo, mas que, independentemente do nome que ocupa a pasta, seria necessário um Congresso alinhado. “Eu manteria o Guedes como ministro da Economia, ele é a pessoa certa. Agora, se o Congresso não tiver a ‘pauta Brasil’ como prioridade, nenhum ministro vai dar certo. Ou eles vão colocar um ministro social-democrata que trabalha a favor do estabilishment, mantendo as coisas como estão”, explicou o empresário. Além disso, ao comentar sobre um possível apoio à reeleição de Bolsonaro, Mattar explicou por que apoiou o presidente em 2018, mas assegurou que está do lado do liberalismo econômico. “O meu compromisso é com o liberalismo. Na última eleição, eu me engajei com a candidatura do Bolsonaro, eu deixei a candidatura de João Amôedo, do partido Novo, vi que não tinha chance. O discurso do presidente Bolsonaro me encantou. Privatizar, reduzir o tamanho do Estado, tirar o Estado do cangote do cidadão, fechar empresa de trem-bala, acabar com o ‘toma lá, da cá’. Eu gostaria de ter a liberdade de me defender com o tipo de arma que eu quiser. Um canivete, uma faca ou o que eu quiser. E ele tinha essa pauta conservadora. E, dentro dos candidatos, eu achava que ele era o melhor. Dos dois candidatos, sempre me pareceu melhor o Bolsonaro”, concluiu o ex-secretário, que também disse estar muito cedo para apostar em possíveis oponentes do atual governo em 2022.
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