‘Não precisa ter vergonha de ser rico no Brasil, mas sim de não pagar impostos’, diz Guedes sobre reforma tributária
Em entrevista exclusiva ao programa ‘Economia em Foco’, da Jovem Pan, ministro afirmou que CPI da Covid-19 e tentativas de impeachment de Bolsonaro dificultaram avanço das reformas
O ministro da Economia, Paulo Guedes, concedeu uma entrevista exclusiva ao programa Economia em Foco, da Jovem Pan, desta sexta-feira, 13. No programa, ele falou sobre a tributação no Brasil e as pressões contra a proposta de reforma tributária, dizendo que “não são os assalariados” que estão se colocando contra e que é vergonhoso não pagar imposto. “O que tem é muita versão política, muita guerra política e, naturalmente, como em qualquer reforma tributária, quem vai começar a pagar mais impostos são os rendimentos de capital. Não são os assalariados que estão reclamando, são os lobbys corporativos. Você está vendo federação de indústria que quer pagar menos, escritórios de advocacia que vão começar a pagar imposto. Eu digo sempre o seguinte: você não tem que ter vergonha de ser rico no Brasil, mas sim de não pagar impostos. É um absurdo isso. Quando você cobra 27,5% de um funcionário seu, você quer pagar 0% sobre o rendimento do capital. Quer dizer que o rendimento de trabalho vai para 27,5%”, afirmou Guedes.
Em seguida, o ministro continuou , dizendo que o Brasil se transformou em uma “fábrica de desigualdades”, citando vários exemplos dentro da administração pública. “O Estado brasileiro foi capturado, virou uma fábrica de desigualdades e de privilégios. Você entra na Previdência, tinha uma fábrica de privilégios para quem já ganhou dinheiro a vida inteira e o Estado garante uma aposentadoria 10 vezes maior do que a de quem não ganhou dinheiro a vida inteira. […] Ai você chega no tributário e é a mesma coisa. O Estado tributa muito e tributa mal. Tem trabalhador que ganha R$ 1.900 por mês e paga imposto de renda e quem ganha mais pagam zero e fazem barulho”, afirmou Guedes, que continuou, falando sobre as chances de aprovação mesmo diante das pressões contrárias: “Eu estou muito tranquilo em relação a isso. Estamos escrevendo a coisa em capítulos”.
Por fim, o ministro disse que, mesmo com a solidez da democracia brasileira, os ruídos políticos envolvendo a CPI e as tentativas de impeachment de Bolsonaro dificultaram o avanço das novas reformas, que, em sua visão, deverão ser retomadas nos próximos meses. “A democracia brasileira é barulhenta, as instituições são sólidas e resilientes, mas os atores as vezes se excedem. A grande verdade é que a bolsa brasileira subiu bastante, o dólar chegou a R$ 5,90 desceu para o patamar de R$ 5,20 e estávamos andando no caminho certo, aí começou todo o barulho da luta, da CPI, de tentativas de impeachment do presidente. Está sendo antecipada a eleição. […] Isso naturalmente causa conturbação. O presidente Arthur Lira impôs um ritmo forte de mudança, aprovamos muitas coisas lá, enquanto isso o Senado acabou bloqueado exatamente pela CPI da Covid. Ele deu uma travada nas reformas e está lá resolvendo o seu problema político. Acho que ao longo dos próximos meses a retomada vai se reafirmando”, concluiu Guedes.
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