Editorial: A pesquisa CNT/MDA e o reflexo no Governo

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 21/07/2015 18h16
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Marcos Santos/USP Imagens Economia

Escrevi nesta manhã um post indagando por que diabos, afinal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, se tornou o principal inimigo do governo. Ele fez a crise econômica? Ele fez a crise política? Ele fez a crise de confiança? Convenham: ele é uma das figuras mais influentes do país hoje, mas ainda é desconhecido da esmagadora maioria dos brasileiros. A sua pauta nem mesmo contamina o país com mau humor. Ao contrário até: como a sua agenda está bem mais próxima da do povo em geral, os que o conhecem até depositam nele algumas esperanças. O governo está encalacrado é por sua própria conta, por sua própria incompetência. E sua reputação tende a piorar. Pesquisa CNT/MDA divulgada nesta terça não traz uma só boa notícia para o governo, para Dilma Rousseff, para o PT e para Lula.

Vou inverter o lead que anda por aí. Como Lula, o amigão de Dilma, era tido até outro dia por petistas como reserva estratégia para que o partido possa se manter no poder a partir de 2019, vamos ver como anda a reputação do rapaz. Se ele disputasse hoje um segundo turno, perderia para qualquer um dos três tucanos que podem ocupar a vaga à Presidência do PSDB em 2018. Na disputa, com Aécio Neves, apanharia por 49,6% a 28,5%; com José Serra, por 40,3% a 31,8%; com Geraldo Alckmin, por 39,9% a 32,3%. Lula se disse no volume morto. Errado! Ele é o volume morto.

Ainda assim, está um pouco melhor do que Dilma, não é? Quem não estaria? Consideram o seu governo bom ou ótimo apenas 7,7% dos entrevistados, contra 70,9% que o veem como ruim ou péssimo. Dizem ser regular 20,5% dos entrevistados. A que consequência isso leva? Se Dilma sofresse hoje um processo de impeachment, quase dois terços dos brasileiros veriam realizado o seu desejo: defendem que a presidente perca o seu mandato 62,8% dos entrevistados; apenas 32,1% se mostram contrários. Quantos sairiam às ruas em sua defesa? Garanto que bem menos do que isso.

Sabem quantos aprovam o desempenho pessoal de Dilma? Apenas 15,3%, contra 79,9% que o reprovam. É um desastre. Aquela foto em que ela e Lula aparecem agarrados ganha agora uma nova legenda: abraço de afogados.

O brasileiro, finalmente, começa a ligar os nomes às coisas. Para 53,4%, a corrupção é um dos principais problemas do país — para 37,1%, é o principal. Já ouviram falar da Lava-Jato 73,8%. Nem Dilma nem Lula conseguem escapar do peso da lambança. E a situação dela é ligeiramente pior do que a dele, embora ambos apareçam na lama: 69,2% dizem que a presidente é culpada pela roubalheira na Petrobras, e 65% pensam o mesmo de Lula. Livram a cara da presidente só 23,7%; 27,2% no caso do ex-presidente.

A população, de certo modo, tem uma percepção da realidade mais correta do que a de boa parte da imprensa: 40,4% dizem que o culpado pela corrupção é o governo; 30,4% apontam os partidos políticos; 14,2% indicam os funcionários da empresa, e apenas 35% dizem ser as empreiteiras. A maioria, no entanto, não acredita que os culpados serão punidos: 67,1%.

Os brasileiros também descobriram que a corrupção tem um preço: para 86,8%, ela prejudica a economia do país, e isso certamente ajuda a alavancar a brutal rejeição a Dilma. Os entrevistados estão mais realistas do que pessimistas: 55,5% apontam que a situação do emprego vai piorar — e eles estão certos: vai mesmo!

Encerro

Pois é… Digamos que Cunha viesse a deixar de ser uma pedra no sapato de Dilma. E daí? Ele nada tem a ver com esse cenário, produzido pela histórica incompetência dos petistas e por sua brutal arrogância no trato com a realidade.

Como é mesmo, Lula? “Olhem que eu volto!!!”

Ah, vota, Lula! Volta!!!

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