Exclusivo: Após ‘bate-boca’, saiba quando a CBF pensa em retomar público na Série A

A questão foi discutida pelos 20 clubes da primeira divisão nacional em uma tensa reunião na noite de ontem; veja bastidores e o que a CBF decidiu

  • Por Jovem Pan
  • 25/09/2020 17h02 - Atualizado em 27/09/2020 11h24
Leandro Lopes/CBF/Divulgação Rogério Caboclo é o atual presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Rogério Caboclo foi afastado da presidência da CBF após ser acusado de assediar colegas de trabalho

Em entrevista exclusiva ao Esporte em Discussão desta sexta-feira, 25, no Grupo Jovem Pan, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, revelou quando a entidade pensa em retomar público nos estádios da Série A do Campeonato Brasileiro. A questão foi discutida pelos 20 clubes da primeira divisão nacional em uma reunião com a confederação na noite da última quinta-feira, 24. No entanto, o evento terminou sem acordo e com um bate-boca entre Rubens Lopes, presidente da Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), e Rogério Caboclo, presidente da CBF.

Tudo porque o comandante da federação é a favor da volta do público nos estádios fluminenses, independentemente da política adotada nos outros estados, enquanto o chefe da entidade nacional defende que a retomada só deva acontecer quando todos os clubes puderem contar com torcida nas arquibancadas. “Houve uma retórica mais dura porque o Rio de Janeiro acredita que, se puder voltar (público) no Rio, deve voltar independentemente dos outros estados e municípios, mas essa não é a posição da CBF. A nossa posição é a dos clubes. Uma volta lá para frente, talvez daqui a uns 45 dias ou nas dez últimas rodadas, para fazer o teste, mas sempre sintonizados com as autoridades estaduais e municipais”, explicou Walter Feldman.

O secretário-geral da CBF revelou o que motivou a reunião e contou detalhes do entrevero entre Lopes e Caboclo. “Vocês sabem que essa questão (volta do público aos estádios) foi suscitada pelo Rio de Janeiro. Notadamente, a federação carioca e o Flamengo, que acreditavam que já estava na hora de retomar o público nos estádios”, iniciou Walter Feldman. “Por causa disso, a CBF achou que, naquele momento, o mais importante era novamente consultar o Ministério da Saúde, que nos respondeu favorável (à volta do público), com limite de 30% da capacidade dos estádios, mas recomendando que ouvíssemos os governos estaduais e municipais. Antes disso, acreditávamos que deveríamos ouvir os clubes e federações, e foi o que aconteceu na reunião de ontem”.

“Dos 20 clubes da Série A, 19 (todos menos o Flamengo) nos orientaram no seguinte: olha, é possível voltar, mas vamos pensar eventualmente no returno, que daria mais um elemento para equilíbrio técnico, vamos dar mais isonomia de tal forma que todos os clubes tenham o direito de ter torcida presente, e vamos voltar aos poucos, acrescentando pessoas, com todo o controle e protocolo, para irmos ganhando experiência e não criarmos aglomeração. Essa é a opinião dos clubes”, acrescentou.

Foi a partir dessa conclusão, já no fim da reunião, que aconteceu o bate-boca entre os presidentes da CBF e da Ferj. Rubens Lopes se apegou ao fato de o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, ter liberado a volta do público nos estádios da cidade para pleitear uma retomada apenas no local, mas Caboclo vetou. “Foi um momento muito difícil”, definiu Feldman. “O presidente da federação carioca disse assim: ‘ó, essa reunião aqui não tem autoridade para que esse encaminhamento possa ser feito. Tem que ser autoridade local. Se ela definir, tudo bem’. E a gente respondeu: ‘não! Tem isonomia! Isonomia é fundamental para o equilíbrio do futebol, não pode ser assim!’. E, obviamente, as vozes se elevaram um pouco, mas foi nessa contradição, de achar que o futebol como um todo, CBF e clubes, não poderiam tomar uma decisão em benefício da segurança dos torcedores. Mas o conflito passou, nós estamos superando”, finalizou o secretário-geral da CBF. Até que uma nova reunião seja feita, segue proibida a presença de público nos jogos da Série A.

Confira, abaixo, a entrevista exclusiva de Walter Feldman na íntegra:

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