Exclusivo: Santos se incomoda e quer ‘apurar’ declaração de Marinho: ‘É muito grave’

Em entrevista ao Grupo Jovem Pan, um importante dirigente do Peixe disse que a fala do atacante “reflete a falta de hierarquia” existente dentro clube e classificou como “inadmissível” o problema exposto pelo jogador

  • Por Jovem Pan
  • 29/09/2020 15h18 - Atualizado em 30/09/2020 17h21
Alexandre Durão/Estadão Conteúdo Marinho, principal jogador do Santos, testou positivo para Covid-19 Marinho é o principal jogador do Santos na atualidade

Uma declaração dada pelo atacante Marinho na noite da última segunda-feira, 28, em entrevista ao SporTV, incomodou boa parte da alta-cúpula do Santos. E a insatisfação não se deu com o jogador em si, mas com a falta de comando do clube – justamente o que motivou o atleta a criticar a diretoria alvinegra e a revelar que, para o elenco, o técnico Cuca é “o presidente” do Peixe. Em entrevista exclusiva ao Esporte em Discussão desta terça, 29, no Grupo Jovem Pan, o presidente do Conselho Deliberativo do Santos, Marcelo Teixeira, disse que a afirmação de Marinho “reflete a falta de hierarquia” existente dentro clube e classificou como “muito grave” e “inadmissível” o problema exposto pelo atacante – no mesmo momento em que o jogador dava a entrevista, José Carlos Peres, principal alvo das críticas, era afastado da presidência santista durante reunião virtual entre os conselheiros alvinegros.

“(A declaração do Marinho) É muito grave e reflete falta de hierarquia”, definiu Teixeira, claramente incomodado com o fato de um jogador não se sentir respaldado pelo presidente do clube. “Como um funcionário pode vir a público, óbvio, até de uma forma espontânea, sincera… Mas é inadmissível que ocorra um fato desses em uma empresa, uma entidade, um clube! É uma inversão total de valores! Isso tem nos prejudicado demais não só em termos hierárquicos, mas principalmente da liderança, do comando que deve existir em todas as instituições, principalmente em um clube de futebol como o Santos.”

“A ponto de um jogador vir a público e dizer que o técnico… Não sei se ele quis expressar isso de uma maneira em que o técnico, e ainda bem que o Cuca, pela experiência que tem, blindou bem o departamento de futebol, nas questões inerentes ao vestiário… Mas a diretoria, parte dos profissionais, deveria estar participando diretamente do trabalho desenvolvido pelo clube. Todos deveriam estar remando para o mesmo lado, unidos, com os mesmos propósitos. É inadmissível que um técnico de futebol, por melhor capacitado que seja, competente como é o Cuca, possa exercer um dever que é de um presidente. É uma inversão total de valores e que temos que apurar até de que forma ele (Marinho) quis fazer esse tipo de expressão no programa… É inadmissível que isso aconteça em qualquer instituição”, acrescentou.

A polêmica declaração de Marinho aconteceu no momento em que ele foi questionado sobre a importância do técnico Cuca para o elenco do Santos. “O Cuca é um pai para mim. Depois que ele chegou no Santos, virou praticamente nosso presidente”, disse. “Ele (Cuca) entrou, mudou tudo, ajeitou a casa. Temos tanta dificuldade. O clube sem dinheiro, sem contratar. A gente sem receber. O Cuca mudou muita coisa. Eu não gosto de me meter muito em política, não seria a pessoa certa para falar, mas é como falei: ele é o nosso presidente. Tinha muita coisa errada que não conseguíamos resolver. Todo mundo esperava pelo menos alguém vir falar para a gente”, acrescentou.

Afastamento de Peres

Durante a entrevista exclusiva ao Esporte em Discussão, Marcelo Teixeira também falou sobre o afastamento do presidente do Santos, José Carlos Peres. Na última segunda-feira, 29, mais de dois terços dos conselheiros do clube aprovaram um parecer da Comissão de Inquérito e Sindicância (CIS) e afastaram o dirigente do cargo por irregularidades nas contas de 2019. Agora, quem assume a função temporariamente é o vice de Peres, Orlando Rollo. Para Teixeira, o órgão identificou “questões de gestão temerária” e, por isso, tomou a drástica decisão. No entanto, no entendimento do dirigente, os problemas do clube não se resumem à atual administração.

“Ninguém está aqui para punir ninguém”, esclareceu o presidente do Conselho Deliberativo do Santos. “Nós queremos apenas fiscalização. Apoiar quando as medidas estiverem corretas ou, como foi no caso, apontar possíveis irregularidades. Mas é uma situação que não é inerente a apenas essa gestão. Nós temos tido, nos últimos anos, problemas que são oriundos de despesas e dívidas de gestões anteriores. Tem sido um ciclo e um movimento de últimas gestões que estão se acumulando. Isso nos preocupa muito não só em termos de dívidas, de problemas financeiros, mas, acima de tudo, do avanço. Nós tínhamos o melhor centro de treinamento, tínhamos um modelo do CT dos Meninos da Vila e assim em várias outras áreas, e clubes como os três da capital hoje já possuem estrutura, estádios modernos, avançados… E, infelizmente, o Santos, nesses últimos tempos, não tem progredido na mesma proporção. Isso preocupa muito e reflete a situação que é grave no atual momento do Santos”, finalizou.

Confira, abaixo, a entrevista exclusiva com Marcelo Teixeira:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.