Desastre em Mariana revela quadro preocupante de deficiência na fiscalização das atividades de mineração no Brasil. Menos de duas semanas depois do rompimento da barragem do Fundão, o presidente do Departamento Nacional de Produção Mineral pediu demissão. Celso Luiz Garcia estava na chefia do DNPM, órgão responsável pelas inspeções, desde junho deste ano e alegou razões médicas para deixar o cargo.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, não perdeu tempo e já anunciou um substituto. O geólogo Telton Élber Correa vai assumir o cargo de diretor geral interino no DNPM.
O presidente do Conselho de Meio Ambiente da OAB de Minas Gerais, Mário Werneck, alerta para os riscos da falta de fiscalização: “Não podemos continuar com esse modelo de barramento em Minas Gerais, e muito menos com quatro fiscais para auxílio direto de fiscalização de 450 barragens, sendo que destas, 45 nem sabemos como estão”.
Na terça-feira (17/11) a Samarco admitiu que existem riscos de rompimento nas barragens de Santarém e Germano, que ficam próximas à do Fundão.
O engenheiro geólogo e professor aposentado da UFMG, Edézio Teixeira de Carvalho, pede muita atenção no acompanhamento da crise: “Deve ser acompanhada toda a campanha de trabalhos de reforço e eventualmente de remoção de pessoas. Não devem botar as pessoas no mesmo local onde estavam residindo anteriormente”.
O rompimento da barragem do Fundão causou até agora onze mortes, sendo que sete corpos foram identificados. Doze pessoas continuam desaparecidas. A enxurrada de lama tem afetado também o estado vizinho, Espírito Santo, e pode chegar nos próximos dias ao Oceano Atlântico.
Na quarta-feira (18/11), pela primeira vez, moradores puderam retornar ao distrito de Bento Rodrigues, no município de Mariana. Na maior parte dos casos, as famílias apenas confirmaram que haviam perdido tudo na tragédia.