Brasil está mais alinhado ao eixo Rússia-China? Hora H do Agro discute visita do chanceler de Putin
Programa também abordou a queda dos preços da soja e milho no Brasil, o Plano Safra 23/24, novas invasões de terras pelo MST e as medidas para adoção da amônia verde pela maior cooperativa de café do mundo
O programa Hora H do Agro deste sábado, 22, analisou a visita do chanceler russo Sergey Lavrov ao Brasil e a fala dele de que ambos os países possuem visão similar sobre a guerra na Ucrânia. O tema gerou desconforto na comunidade internacional e fez os Estados Unidos pedirem explicações ao governo brasileiro. Em viagem à China, Lula já havia dito que os americanos estavam estimulando a guerra entre Rússia e Ucrânia. No encontro, também foi abordado o avanço de uma proposta da União Europeia de criar um imposto do carbono. Na prática, o bloco pretende tributar as importações de produtos com base nos gases de efeito estufa. É a primeira medida do tipo no mundo. Especialistas indicam que, além das características protecionistas, o plano pode não cumprir as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Também foram temas do programa a queda dos preços da soja e milho no Brasil — que estão no menor patamar desde 2020 —, informações oficiais do Ministério da Agricultura para o Plano Safra 23/24, novas invasões de terras pelo MST e o plano para adoção da amônia verde pela maior cooperativa de café do mundo. Confira!
Após fala de Lula, Brasil está mais alinhado ao eixo Rússia-China?
A visita do chanceler russo Sergey Lavrov ao Brasil e a fala dele de que os dois países possuem visão similar sobre a guerra na Ucrânia gerou desconforto na comunidade internacional. Agora, os Estados Unidos esperam que o governo Lula explicite seu lado no conflito armado, especialmente após o presidente, durante viagem à China, declarar que os americanos estavam estimulando a guerra entre Rússia e Ucrânia. No programa Hora H do Agro, o professor de relações internacionais Marcus Vinícius de Freitas avalia que, apesar da fala de Lula, não houve uma mudança drástica no posicionamento geopolítico do Brasil. Segundo ele, a posição de neutralidade no cenário internacional não significa que o país não possui uma opinião sobre o conflito.
Vem aí um novo ciclo de baixa das commodities?
Um relatório divulgado pelo Banco Mundial indicou que, em março, os preços agrícolas no mercado internacional registraram queda de 1,6% em relação ao mês anterior. Na soja, a queda foi de quase 3,5%; no milho, acima de 5%; e no trigo, de 6,3%. Aqui no Brasil, o cenário é parecido. A soja no Paraná e o milho em Campinas, interior de São Paulo, estão nos menores patamares desde 2020. Durante o Hora H do Agro deste sábado, o sócio-diretor da Markestrat, José Carlos de Lima, revelou que, após alta das commodities agrícolas devido à pandemia da Covid-19 e à guerra na Ucrânia, os preços agrícolas apresentam uma adequação em direção às médias. Ele revela que esse cenário, somado a um apetite menor da China por produtos agro, revela que as commodities estão passando por um ciclo de baixa.
Exclusivo: Ministério da Agricultura detalha Plano Safra 23/24
O novo Plano Safra 23/24 deverá ser desenhado até 30 de maio. A afirmação foi feita pelo assessor especial do Ministério da Agricultura, Carlos Augustin, em entrevista exclusiva à Jovem Pan. Segundo ele, o plano terá como base juros menores para agricultores que estiverem comprometidos com o social e ambiental, e haverá três principais pilares: social, uso de biológicos e estímulo à agricultura de baixo carbono. Augustin revelou também que, politicamente, cerca de R$ 30 bilhões já estão aprovados para complementação do Plano Safra atual. A expectativa é que os recursos estejam disponíveis durante a Agrishow, uma das principais feiras de tecnologia do agronegócio.
Imposto do carbono: europeus dão novo passo para taxar produtos importados
O Parlamento Europeu aprovou nesta semana um plano que altera as regras do mercado de carbono da União Europeia. A legislação, que agora precisa ser aprovada pelos estados-membros do bloco, quer tributar as importações de produtos com base nos gases de efeito estufa emitidos — uma espécie de taxação do carbono aos exportadores. Ao programa Hora H do Agro, o assessor de relações internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Matheus Andrade, revela que o plano, que tem cunho protecionista, é o primeiro deste tipo a fazer parte da agenda verde europeia (conhecida como Green Deal). Segundo ele, há grandes dúvidas sobre a proposta estar dentro das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele destacou também a adoção pela União Europeia de uma lei que proíbe a entrada de produtos do agronegócio provenientes de áreas de desmatamento, mesmo que permitida pela legislação do país exportador.
Maior cooperativa de café do mundo aposta em amônia verde; entenda
A maior cooperativa de café do mundo deu mais um passo para diminuir as emissões de gases da cadeia produtiva no país. A Cooxupé firmou recentemente um acordo com a empresa norueguesa Yara para utilizar amônia verde nas lavouras de café e eliminar o uso de fertilizantes nitrogenados tradicionais. O gerente de ESG da empresa, Alexandre Monteiro, revela que o objetivo é gerar um balanço positivo nas emissões de gases da cafeicultura. Europa e Estados Unidos estão entre os compradores do produto brasileiro. Ele revela ainda que o fertilizante é considerado verde porque utiliza matrizes energéticas limpas na produção do insumo, emitindo de 80% a 100% menos carbono quando comparado ao fertilizante convencional.
Abril Vermelho: MST invade propriedades da Embrapa e Suzano
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra voltou a realizar invasões de propriedades nesta semana. Durante a ação chamada de Abril Vermelho, o MST invadiu uma propriedade da Embrapa Semiárido em Petrolina (PE) e duas fazendas da empresa Suzano Papel e Celulose em Aracruz (ES). O programa Hora H do Agro ressaltou que, além das invasões, o movimento realizou protestos em sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em diversos Estados. Cedendo à pressão do MST, que pedia a mudança nas superintendências do Incra, o governo federal nomeou sete novos representantes regionais. Dos sete nomeados, cinco são indicações dos sem-terras.
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