10% dos policiais apoiam a ampla liberação das armas de fogo para a população, mostra anuário

Mesmo sem largo apoio dos oficiais, número de armamento legal nas mãos de civis dobra no Brasil

  • 16/07/2021 07h50 - Atualizado em 16/07/2021 10h48
Pixabay Arma A liberação ampla só recebe apoio de 17% dos Bombeiros e esse é o maior índice nas categorias de seguranças

Só 10% dos policiais apoiam a ampla liberação das armas de fogo para a população. A politica de armamento é uma das principais bandeiras do governo de Jair Bolsonaro. Mais de seis mil policiais foram consultados em pesquisa para o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020. Cerca de 73% concordam com o uso de armas por civis, mas defendem restrições. Já 16% se declaram completamente contrários à política armamentista e apenas 10% é favorável à liberação ampla das armas de fogo para a população. Para o levantamento, foram ouvidos agentes das policias Militar, Civil, Federal, Penal, Rodoviária, além do Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal.

A liberação ampla só recebe apoio de 17% dos Bombeiros e esse é o maior índice nas categorias de seguranças. Menos de 7% dos PMs e 9,4% dos agentes da Guarda Civil são adeptos da liberação total. Os agentes de segurança que defendem a proibição de porte ou posse de arma de fogo por civis são mais numerosos: 50% dos policias rodoviários são totalmente contrários a armar a população e 29% dos agentes federais também se manifestaram contra o armamento civil. Entre os PMs, os dados caem para 13,5% — ainda assim superior ao número de quem defende a liberação ampla. O relatório aponta que existem, atualmente, mais de 2,077 milhões de armas com a população civil. Só no ano passado, 186.071 registros na Polícia Federal. O total é 97% maior que as armas registradas no ano anterior. O número de armas longas, como carabinas, espingardas e fuzis, dobrou de um ano para o outro.

Em todos os Estados, houve aumento nos pedidos de registros de armas. O maior salto foi no Distrito Federal: eram 35 mil armas registradas em 2017, no ano passado já havia mais de 236 mil registros ativos. O crescimento foi de 562% em três anos. Em 11 unidades da federação, o número de armas novas mais do que dobrou nesses anos. Os campeões nas estatísticas foram Paraíba, Amapá e Rondônia. No Rio de Janeiro, o número de pedidos de registro aumento 67%. E uma surpresa: São Paulo teve o menor índice de compra e registro de novas armas, com 28,7%. O Anuário traz também dados sobre a violência. Cresceu a presença das armas de fogos em assassinatos. Elas foram utilizadas em 72% dos quase 48 mil homicídios em 2019. Em 2020, estiveram em 78% dos 50 mil assassinatos. O aumento de mortes violentas no período foi de 4,8%.

*Com informações do repórter Victor Moraes 

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