Em meio à pandemia, país registra aumento de mortes violentas intencionais em 2020

Categoria engloba homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, feminicídio e mortes decorrentes de intervenção policial

  • Por Jovem Pan
  • 15/07/2021 15h22 - Atualizado em 15/07/2021 15h49
Foto: CELSO BARBOSA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO - 06/05/2021 Vários policiais andando uns ao lado dos outros usando fardas e coletes pretos e empunhando armas Em 2020, a violência policial cresceu 0,3% na comparação com o ano anterior

O número de mortes violentas intencionais no Brasil cresceu 4% em 2020. Foram 50.033 vítimas, sendo que 78% delas foram mortas com arma de fogo. O índice foi puxado pelos Estados do Ceará, Bahia, Sergipe e Amapá, que têm as maiores taxas de mortes violentas intencionais a cada 100 mil habitantes. Os alvos, em sua maioria, eram homens (91,3%), negros (76,2%) e jovens (54,3%). Os dados são do 15º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, publicado nesta quinta-feira, 15. No levantamento, a categoria de mortes violentas intencionais engloba homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, feminicídio e mortes decorrentes de intervenção policial.

Em 2020, 6.416 pessoas foram mortas em intervenções policiais, um aumento de 0,3% na comparação com o ano anterior. Segundo o anuário, 50 cidades concentram 55,8% de toda a letalidade da polícia. Houve alta também na violência contra meninas e mulheres. Foram 1.350 feminicídios, um incremento de 0,7% em relação a 2019. As vítimas eram mulheres, negras, entre 18 a 44 anos. Do total, 81,5% foram mortas por companheiros ou ex-companheiros. Em 55,1% dos casos foram usadas armas brancas. O ano de 2020 foi marcado pelo crescimento das agressões contra a comunidade LGBTQI+ (20,9%). Foram registrados 1.169 casos de agressão. O índice de homicídio também subiu: 24,7%, totalizando 121 assassinatos.

Além do aumento de mortes violentas intencionais, cresceu também o número de armas de fogo no Brasil. Apenas em 2020 foram catalogadas 186.071 novas armas no Sistema Nacional de Armas (Sinarm). A legalização do porte e a posse de armas de fogo para civis foi uma das bandeiras levantadas pelo presidente Jair Bolsonaro em sua campanha em 2018. Com o isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus, houve uma redução de todos os crimes patrimoniais: roubo de veículos, roubo de cargas e roubo a estabelecimentos comerciais, residências e transeuntes. A quantidade de estupros caiu no período (14,1%). Apesar da queda, o número é alto: foram 60.460 casos de estupro. Destes, 86,9% eram mulheres. Os alvos eram pessoas vulneráveis, incapazes de consentir (73,7%) e menores de 13 anos (60,6%). Em 85,2% dos casos o autor era conhecido da vítima.

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