3 em cada 10 alunos da rede estadual de SP não acessaram plataformas de ensino remoto

Segundo o Tribunal de Contas do Estado, 1,2 milhão de estudantes ficaram sem acesso ao centro de mídias

  • Por Jovem Pan
  • 29/03/2021 10h55
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Pixabay Aluno participa de aula durante durante a pandemia Foram disponibilizadas quatro plataformas para os alunos: o portal e o aplicativo do centro de mídias, além dos canais de televisão da TV educação e TV Unesp

Já faz um ano desde que as escolas foram fechadas pela primeira vez no Estado de São Paulo. Na rede estadual de educação, que abrange os ensinos fundamental II e médio, os alunos podem acompanhar o conteúdo remotamente desde abril do ano passado, quando foi lançado o centro de mídias. Foram disponibilizadas quatro plataformas: o portal e o aplicativo do centro de mídias, além dos canais de televisão da TV educação e TV Unesp. Mas, segundo dados do Tribunal de Contas de São Paulo, essas plataformas não foram acessadas uma única vez por um terço dos estudantes. Isso significa que dos quase 3,5 milhões de alunos da rede estadual, um 1,2 milhão não acessaram nem o site, nem o aplicativo nem os canais de televisão para assistir às aulas ou fazer as atividades escolares.

A especialista em educação da Fundação Getúlio Vargas, Sofia Lerche, não descarta a possibilidade de alunos terem abandonado a escola. “Estados e municípios, sobretudo, nos municípios de um Estado rico como São Paulo, vão precisar desenvolver programas específicos para saber o que aconteceu com esse evadidos. Com jovens a gente já tem um processo em curso de evasão escolar pela falta de atratividade da escola”, afirma. A ex-presidente do Inep, Maria Inês Fini, elogia o desenvolvimento do centro de mídias. No entanto, segundo ela, cada escola deveria ter feito um planejamento individual para as plataformas e, assim, não deixar nenhum aluno para trás. “Esperava-se, por exemplo, que cada escola deveria ter tido a orientação para montar o seu projeto para usar o centro de mídias. Não é uma coisa que pode fazer padronizada. As famílias são diferentes, os alunos são outros e os professores são outros. Não é uma coisa que se aplica a todo mundo.”

No mesmo dia em que o centro de mídias foi anunciado, o governo informou que iria custear a internet de alunos e professores para que eles tivessem acesso aos conteúdos por meio do celular. Foram firmados acordos com as quatro maiores operadoras de telefonia do país, que contabilizam mais de R$ 11 milhões mensais. No entanto, no período entre abril de 2020 e fevereiro deste ano, a média de gasto do governo com o fornecimento de dados de internet foi de apenas R$ 203 mil. Segundo o TCE, o valor pago se refere somente à quantidade de dados que foram de fato consumidos por alunos e servidores da rede estadual de ensino. O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL), critica as ações adotadas pelo governo no âmbito da educação durante a pandemia. “Uma boa parte da rede estadual não tem condições de ter acesso à internet, a computadores, celulares inteligentes. Então é muito difícil, nossos alunos moram em comunidades, em favelas, em periferias. Eles estão mais preocupados com a sobrevivência com seus pais desempregados.”

Neste final de semana, o governo paulista publicou um decreto em que passa a considerar as escolas como atividade essencial durante a quarentena. Desta forma, as aulas presenciais em escolas de todo o estado estão permitidas, mesmo nas fases mais rígidas do Plano São Paulo. Depois de diversas disputas judiciais, o objetivo do governo é garantir legalmente que as aulas continuem. Em nota, a secretaria estadual de educação afirmou que os números apresentados pelo TCE apontam apenas os acessos no aplicativo, sendo que os canais de TV aberta não podem ser medidos com precisão por particularidades técnicas. Além disso, a pasta ressaltou que está implementando um programa de ensino híbrido e que está fornecendo chips com internet para 500 mil alunos.

*Com informações da repórter Nicole Fusco

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