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À beira do colapso, Amazonas estuda plano de reabertura de escolas e comércio

Em meio à colapso, Manaus enterrou corpos nas mesmas valas comuns

Logo cedo a dona Elaine Carneiro percebeu que a mãe, de 75 anos, não estava bem. “Ela acordou, foi tomar um banho, tomou leite, sentou na cama e começou a ter falta de ar.”

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Ela chamou o SAMU, mas quando a ambulância apareceu na rua estreita da periferia de Manaus o médico Davi Saback nada pode fazer. “Infelizmente chegamos tarde, ela estava com 40 minutos de parada. Começamos a reanimar, mas com esse tempo fica irreversível.”

Diretor do serviço de urgência da cidade, Domício Melo, admite que todo esforço não tem sido suficiente. “O paciente que está em parada cardiorrespiratória nesse momento a gente só constata o óbito — diferente de situação de normalidade, em que conseguimos tentar reanimar. Como hoje não temos leito ou UTI, vivemos sem recursos ou acolhimento desses pacientes.”

Elaine viu a mãe morrer em casa com sintomas da covid-19 e reclama da falta de atendimento. “Chegou lá e parece que os médicos estavam se escondendo para não atender. Aguardamos e nada, nada.”

Nessa quinta-feira (30) o Estado do Amazonas confirmou mais 45 mortes pelo novo coronavírus — 425 pessoas já morreram no Estado. Só em Manaus foram 312. Limitado, o serviço funerário opera no limite.

Tatiane Magalhães e a família esperam horas até o corpo da avó ser retirado de casa. “A família está aguardando desde a hora do falecimento, por volta das 6h da manhã.”

Dono de uma funerária, José Coimbra diz que o estoque de caixões só tem dado para dois dias. “Era uma média de 12 a 15 atendimentos. Hoje estamos em torno de 50 a 55.”

Apesar do cenário crítico, com mais de 5 mil infectados e 95% dos leitos de UTI ocupados, o governo do Amazonas apresentou um plano de reabertura do comércio e das escolas na região metropolitana de Manaus.

De acordo com o governador Wilson Lima, a retomada das atividades será condicionada a análise da curva de casos do novo coronavírus. Lima e o vice, Carlos Almeida, vão responder a processos de impeachment na assembleia legislativa após serem denunciados pela má gestão da pandemia no Estado.

Por meio de nota, o governador Wilson Lima afirmou que o momento é inoportuno e que a decisão não tem fundamento, além de estar contaminada por questões eleitorais.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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