Acesso a medicamentos para doenças raras pelo SUS piora na pandemia
Atualmente, são ao menos seis medicamentos em falta, incluindo compostos sem repasse aos pacientes há mais de um ano
Doenças raras, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são aquelas que afetam uma a cada duas mil pessoas. No Brasil, estima-se que existam 13 milhões de pacientes diagnosticados com alguma patologia rara. O ‘xlh’ é uma delas e a Luciana conhece bem. Ela é mãe de três filhos com a doença que também é chamada de raquitismo hipofosfatêmico, que afeta os ossos devido a perda de fósforo pela urina. “Eles já fizeram várias cirurgias, a perna fica totalmente arqueada, dores nas pernas e essa dificuldade que eles têm até de locomoção, de ficar em pé, de fazer exercícios..” O três fazem tratamento com burosumab, um medicamento de alto custo que a família consegue gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas que está em falta há mais de um ano. “Eles teriam que receber novamente a medicação em janeiro de 2020 e já não receberam e estão até hoje sem a medicação.”
Segundo o Instituto Vidas Raras, atualmente, são ao menos seis medicamentos em falta, incluindo alguns sem aquisição há mais de um ano. A lista aponta, além do burosumab, escassez de inotersena, patisirana, nitinisona, metreleptina e lomitapida. A vice-presidente da instituição, Amira Awada, diz que há tempos também que o Ministério da Saúde não dá muitas explicações. “Faz mais de um ano que a gente não tem uma resposta sobre as nossas solicitações direito ao Ministério da Saúde, temos paciente que estão aguardando fornecimento de medicamentos há mais de um ano e meio, desde antes da pandemia. A gente entendeu que teve um atraso pandemia, a gente entende isso, mas esperávamos que esse atraso fossem acontecer nos primeiros seis meses e depois as coisas começariam a se normalizar, e não se normalizaram”, disse. No início do governo Bolsonaro, em fevereiro de 2019, a primeira dama Michelle Bolsonaro, em sessão solene no Congresso Nacional, pediu atenção para as doenças raras. Em dezembro de 2020, foi criado um Comitê Interministerial para desenvolver políticas públicas sobre o tema. No entanto, as ações ainda são aguardadas.
*Com informações da repórter Carolina Abelin
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