‘Ala ideológica’: Boris Johnson enfrenta crise interna no governo do Reino Unido
Nomes fortes que conduziram a campanha do Brexit agora começam a sair de Downing Street
Menos de um ano depois da vitória arrasadora nas eleições gerais, o governo conservador britânico passa por uma crise interna importante. Nomes fortes que conduziram a campanha do Brexit e chegaram ao poder com Boris Johnson agora começam a sair de Downing Street. E pela porta dos fundos. A imprensa do Reino Unido especula em peso nesta sexta-feira (13) que Dominic Cummings, braço direito do primeiro-ministro, sairá do governo até o Natal. Outro aliado dele, Lee Cain, que era diretor de comunicações do gabinete conservador, deixou o cargo na quinta-feira.
Os britânicos não usam essa expressão — mas, para fazer uma analogia com o Brasil, o que seria a ‘ala ideológica’ do governo está vindo abaixo. Boris Johnson está sendo duramente criticado pela condução caótica dos esforços para conter o coronavírus. Além disso, falta pouco mais de um mês para a efetivação do Brexit e um acordo comercial com a União Europeia ainda não foi alcançado. A tempestade perfeita se avizinha e os conservadores britânicos parecem ter acordado para o quanto este governo é disfuncional. Os movimentos dos últimos dias indicam uma tentativa de baixar o tom e voltar a uma postura pragmática de condução do país.
Boris, assim como outros líderes da onda populista de direita, se manteve em modo campanha mesmo depois de ter virado chefe de governo. O resultado está aí: o Reino Unido é o país europeu com mais mortes causadas pelo Covid-19, também é a economia desenvolvida que mais sofreu com a pandemia até agora e só conseguiu fechar um acordo de livre comércio desde o Brexit — com o Japão, o que na prática é pouco relevante neste momento.
Por isso a pressão sobre Boris Johnson é para que o governo dele afaste de vez as lideranças ligadas a campanha do Brexit. Dominic Cummings, que virou até personagem de filme, é o cabeça dessa corrente disruptiva que chegou ao poder na Inglaterra. Além da pandemia, a derrota de Donald Trump nos Estados Unidos também foi uma estocada importante neste processo — uma espécie de alerta para os conservadores do Reino Unido no sentido de que este estilo de política do caos parece ter prazo de validade curto.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.