Alívio da crise hídrica passa por contenção do desperdício de água, dizem especialistas e entidades

Com a maior seca em nove décadas, os reservatórios das hidrelétricas estão em nível crítico e ameaçam a operação do sistema

  • Por Jovem Pan
  • 13/09/2021 07h26 - Atualizado em 13/09/2021 08h42
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BRUNO RIBEIRO/ESTADÃO CONTEÚDO - 29/11/2015 imagem do alto da hidrelétrica risoleta neves, em MG Especialistas apontam que o acionamento prévio das termoelétricas teria diminuído o impacto da baixa operação das hidrelétricas

Ameaças de apagão e racionamento de água devem continuar até o fim de 2021 e ações contra desperdício devem ser reforçadas. A redução voluntária e o aumento das bandeiras tarifárias podem ajudar a amenizar a crise hídrica. Com a maior seca em nove décadas, os reservatórios das hidrelétricas estão em nível crítico e ameaçam a operação do sistema. Para o professor da Escola de Engenharia da UFRJ, Maurício Tomasquim, as termoelétricas deveriam ter sido acionadas antes. “Desde novembro, todo mundo sabia que os reservatórios estavam baixando e que a hidrologia estava muito ruim. As termoelétricas não funcionaram a plena capacidade. Mas o mais surpreendente é que em fevereiro, praticamente já com o período úmido bem encaminhado, se diminuiu ainda mais a geração das termoelétricas”, aponta o docente. O superintendente de Fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Gentil Nogueira, avalia que as obras emergenciais vão ajudar manter o fornecimento.

“Em 2014 e 2015 era diferente. A gente tinha que levar energia do Sudeste para o Nordeste, mas hoje a gente está trazendo energia do Nordeste. Também estamos antecipando obras. A Aneel soltou uma resolução autorizativa para bonificar as obras de reforço de sistemas que ampliassem o intercâmbio e diminuíssem qualquer restrição de geração no sistema. É a resolução autorizada da 10.398/2021. Estamos nos organizando com as distribuidoras do país para tornar isso, do ponto de vista prático, operacional para todos os consumidores, para que eles possam entender, fazer suas escolhas de redução do consumo e contribuir pro atual cenário que a gente vem enfrentando”, sugere Nogueira. O presidente Instituto Trata Brasil, Edson Carlos, aponta que o país deveria investir de forma urgente na redução de perda de água. “Se o Brasil tivesse padrões de perda de água como nós temos nos países desenvolvidos, cerca de 10% a 15%, certamente os reservatórios estariam mais cheios. Mas o Brasil tem perda média de 39% e quase 30% na região metropolitana de São Paulo. Então, ao mesmo tempo que o cidadão precisa usar melhor a água, nós precisamos combater rapidamente as empresas de água e esgoto, os vazamentos, os roubos e os hidrômetros que não marcam nada direito. É um processo”, afirma. O presidente do Trata Brasil destaca que as obras feitas durante a crise hídrica de 2014 podem ajudar na atual fase. O governo aponta que a medida de premiar quem reduz gasto de energia em 10% beneficiará as pessoas mais consomem.

*Com informações da repórter Nanny Cox

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