Alta de juros derruba investimentos no Brasil 

Empresários comentam os efeitos da elevação da taxa pelo Banco Central para combater a inflação

  • Por Jovem Pan
  • 28/11/2021 13h29 - Atualizado em 28/11/2021 13h40
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Adriano Machado/Reuters Homem passa em frente ao prédio do Banco Central em Brasília Banco Central deva manter trajetória de queda nos juros

A ação dos juros pelo Banco Central para conter a inflação impacta nos investimentos no Brasil no efeito direto no custo dos financiamentos. O desempenho da indústria de bens de capital é um indicativo da atividade econômica no país e manteve em 2020, início da pandemia, um crescimento de 10% e espera fechar o ano agora com nova alta de 20%. O presidente da Abimaq, José Veloso, admite a deterioração do cenário macroeconômico, mas ressalta os desempenhos do agronegócio, infraestrutura e saneamento. “Juros altos são inimigos do investimento e a venda de uma máquina, a venda de bens de capital, sempre está ligada com a taxa de juros. No entanto, apesar desse problema dos juros altos, nós continuamos otimistas para 2022. Estamos prevendo um crescimento de 4% sobre esse grande crescimento de 2021. Primeiro por causa da carteira que começa cheia, começa o ano cheio, e depois porque alguns setores vão continuar comprando bem, por exemplo, o setor de máquinas para agricultura, setor de máquinas para infraestrutura, setor de saneamento deve entrar forte o ano que vem”, afirmou.

Já na indústria química, que fornece matérias primas para outros setores, o avanço dos importados será recorde em 2021, com US$ 45 bilhões e 60 milhões de toneladas. O presidente da Abiquim, Ciro Marino, cobra avanço da Reforma Tributária e ressalta que, mesmo com a alta expressiva do dólar, as empresas instaladas no Brasil perdem competitividade no mercado global. “A tributação interna, os insumos onerados no Brasil e mais os incentivos que as indústrias pares, com as quais competimos, têm lá fora e nós não temos aqui cria um desequilíbrio que precisa ser restaurado. Normalmente quando você tem mão de obra intensiva, toda essa questão cambial acaba realmente colaborando para a competitividade da empresa. No caso da [indústria] química, nós dependemos de insumos importados, ou seja, nós estamos fortemente ligados a óleo, gás, câmbio e minérios. São commodities, todas elas dolarizadas e consequentemente também atrelado a um câmbio, ou seja, o alívio de um reequilíbrio da paridade real ao dólar não alivia, não aumenta a competitividade da química”, pontua. Embora a eleição esteja marcada para outubro de 2022, ninguém acredita que haveria disposição política agora para a discussão de reformas, sobretudo a tributária, num momento em que a pauta política do governo ganha protagonismo com esforço para ações que mantém o presidente Bolsonaro em Brasília como o Auxílio Brasil.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

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