Alta no preço dos alimentos faz consumidores preferirem atacarejos para economizar nas compras

Levantamento da Nielsen Media Research aponta que o faturamento desta modalidade de comércio cresceu em média 23,6%, enquanto hipermercados registraram uma alta de apenas 5,3%

  • Por Jovem Pan
  • 12/04/2023 11h58
Antonio Cruz/Agência Brasil Antonio Cruz/Agência Brasil Redes de atacarejo tem crescido cada vez mais no Brasil

Com o intuito de fazer uma maior economia, consumidores de todo o Brasil tem preferido fazer suas compras nos chamados atacarejos ao invés dos hipermercados. Em entrevista à Jovem Pan News, o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, o motivo que fez com que o atacado caísse no gosto do consumidor é simples: “A causa principal é o aumento de preços no setor de alimentos e produtos básicos e, consequentemente, a queda do poder aquisitivo das famílias. Isso impulsionou o crescimento dos atacarejos (…) As exigências têm sido menores. No passado tinham poucos atacarejos, na verdade eram vendas no atacado e você tinha que provar que ia revender. Hoje em dia não existe mais isso”. No entanto, de acordo com o levantamento da Nielsen Media Research, o crescimento dos atacarejos ainda não ameaça os hipermercados no setor. De janeiro deste ano até o dia 19 de março, as vendas dos hipermercados cresceram 8,6%, em comparação com o mesmo período de 2022 e considerando apenas os critérios de mesmas lojas abertas há mais de um ano. O desempenho superou o dos atacarejos, que registraram um crescimento de 6,9% nas vendas.

No entanto, na comparação de vendas totais, o atacarejo permanece na liderança sobre os demais segmentos. Os faturamentos dos atacarejos cresceram em média 23,6%, enquanto o setor de autosserviços como um todo, incluindo farmácias, avançou 15,5%. Nesta comparação os hipermercados ficaram para trás, com um alta de apenas 5,3%. Para o vice-presidente do Roldão Atacadista, Jefferson Fagundes, o segmento tem melhorado a experiência de compra dos consumidores: “Hoje, nós do atacarejo temos um mix muito mais bem definido para o consumidor. No passado, existia a grande fama de que comprava-se o básico no atacarejo e ia comprar o mix restante em outros formatos. Nós, hoje, como atacarejo, já temos um mix muito melhor e fazendo hoje quase 90% da sua cesta de compra”. O levantamento também apontou que, entre janeiro de 2021 e o fim de 2022, o número de hipermercados no país caiu em 10%, enquanto houve o aumento de 25% na abertura de atacarejos.

“Hoje, dentro do mercado alimentar, e leia-se mercado alimentar sem o canal farmácia, o atacarejo representa mais de 50% da venda de todos os alimentos circulados no Brasil, O atacarejo veio para ficar, é um formato importante, tem feito a diferença e tem espaço ainda para ganhar mediante os outros canais”, analisou o vice-presidente do Roldão Atacadista. Na análise do economista Ulisses Ruiz de Gamboa, com o avanço dos atacarejos o setro começa a enfrentar uma maior competição, tanto pela abertura de novas lojas, como também pela migração para o segmento: “Uma tendência mais recente que a gente está observando é das grandes cadeias de supermercados estarem adquirindo ou formando atacarejos. Os supermercados entraram no ramo do atacarejo. Está ocorrendo uma série de movimentos nesse sentido, de certa forma mostrando uma reação dos supermercados ao avanço dos atacarejos”. O especialista também avalia que ainda não é possível avaliar uma saturação do segmento já que, à medida que os preços dos alimentos continuarem altos, os consumidores seguirão optando pelos atacarejos.

*Com informações da repórter Letícia Miyamoto

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