Ameaçado de morte, promotor que pediu transferência de Marcola fala em omissão do Estado

  • Por Jovem Pan
  • 16/09/2019 09h01 - Atualizado em 16/09/2019 10h07
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Billy Boss/Câmara dos Deputados Lincoln Gakiya pediu a transferência de Marcola para um presídio federal

O promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco),  Lincoln Gakiya, falou com a Jovem Pan sobre as cartas com ameaças que tem recebido do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Investigador da facção criminosa desde 2005, ele conta que sempre foi ameaçado, mas o quadro se agravou desde 8 de dezembro de 2018, após ter pedido a transferência de Marcola de São Paulo para o presídio federal de Porto Velho.

Para Gakiya, as ameaças acontecem porque ele enfrentou a omissão de governo Estadual, o que já acontece há tempos. “Estamos desde 2006 tentando essa remoção, mas há resistência do Estado em fazê-la. É lamentável que a gente verifique que um agente público que cumpriu a sua função sofra uma restrição da liberdade. Minha e dos meus familiares”, declarou.

Para ele, o combate ao crime organizado é muito difícil, uma vez que o PCC tem atuação internacional. “Eles estão não só no país todo, mas também na América do Sul e, agora, em vários países da Europa”, explica.  Para Gakiya, uma política de segurança pública integrada, além de uma punição mais severa aos criminosos, poderia resolver o problema.

“A legislação brasileira é bem leniente com relação a esse tipo de criminosos. Nós damos à eles ao mesmo tratamento que damos pra um furtador comum, que furtou uma barra de chocolate no supermercado. Então quer dizer que esse líder tem direito à visita de seus familiares, inclusive visita íntima, todas as semanas, tem atendimento praticamente diário com advogados que, na maioria das vezes, são pagos pela própria facção, e também acesso ao celular”, aponta.

Por isso, o promotor defende um tratamento diferenciado desses presos. “A gente não quer piorar a questão do encarceramento no país, mas há de ter um tratamento mais duro pra essas lideranças, eles não podem ter mesmo tratamento de um criminoso comum”, explica, ressaltando que, por exemplo, no caso de Marcola, que já é condenado há mais de 300 anos de prisão, outras sentenças não vão o alarmar.

“Precisamos de uma lei de execução penal que permita agravar a situação desses presos que, mesmo já condenados, continuam atuando contra o Estado Democrático de Direito. Eles devem ser isolados, sem visita familiar ou íntima, a não ser monitoradas e por vidro, e não devem ter contato com o mundo exterior: TV, jornal, rádio… O crime precisa não compensar para essas pessoas, é precioso retirar esses benefícios e tratá-los como devem ser tratados”, finaliza.

 

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