Analistas defendem mudar política de preços da Petrobras: ‘A corda esticou demais’

Ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Victor Martins disse que o modelo está desajustado, penalizando a população e favorecendo um pequeno grupo de investidores

  • Por Jovem Pan
  • 18/06/2022 10h21 - Atualizado em 18/06/2022 10h33
ALLISON SALES/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Vista da sede da Petrobras no Rio de Janeiro (RJ) A Petrobras reajustou na última sexta-feira, 17, os preços dos combustíveis

Uma possível solução para controlar o aumento nos preços dos combustíveis seria dar uma “trégua” de 45 dias no reajuste e, posteriormente, alterar a política de preços da Petrobras. Ao menos, essa é a opinião de alguns especialistas consultados pela reportagem do Grupo Jovem Pan. O consultor Adriano Pires, que chegou a recusar um convite para presidir a estatal recentemente, acredita que a empresa precisa pensar mais na população. “A corda esticou muito. Faltou comunicação entre Petrobras, Congresso Nacional e presidente da República. A solução, agora, pode ser ruim para a própria petrolífera, para o governo e para o povo. Tudo isso poderia ser evitado com mais comunicação”, analisou Adriano, que criticou o aumento de 5,2% na gasolina, e em 14,3% no diesel.

Ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Victor Martins também concorda que a política de preços da Petrobras está desajustada, penalizando a população e favorecendo um pequeno grupo de investidores, que tem ações da estatal. “O Brasil é muito maior do que a gana de empresários que querem lucrar de forma quase que criminosa contra a população brasileira”, disparou. Para Victor Martins, a exportação de petróleo deveria ser tributada, para ser criada uma espécie de fundo, a fim de expandir o parque de refino brasileiro e criar um “colchão de amortecimento” para choques de oferta de petróleo, como o que acontece em razão do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Presidente da Associação Brasileira de Investidores (ABRADIN), o economista Aurélio Valporto acredita que o melhor caminho para a Petrobras seria aumentar as importações de derivados de petróleo, além de diluir os custos adicionais nos enormes lucros, que são observados trimestralmente. O economista ainda considerou como “um grande desastre” o reajuste nos preços, que começa a valer a partir deste sábado, 18. “A Petrobras tem passado a responsabilidade de importação para um dos poucos grupos que se beneficiam dessa política de preços, a Abicom (Associação Brasileira dos Importantes de Combustíveis). É uma afronta à sociedade brasileira. É preciso fazer uma intervenção federal para que este problema seja solucionado.”

*Com informações do repórter Rodrigo Viga

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