Apesar da queda na inflação, corte nos juros só deve ocorrer no 2º semestre, apontam economistas

Especialistas projetam que reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na semana que vem deve manter a taxa Selic em 13,75%

  • Por Jovem Pan
  • 15/06/2023 08h47
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Guilherme Dionízio/Estadão Conteúdo - 05/08/2021 Moedas de R$ 1 formam o mapa do Brasil; do lado direito, há três notas de R$ 2 e uma de R$ 50 Taxa da Selic se manteve em 13,75% na última reunião do Copom, maior patamar desde 2017

No mercado financeiro o clima é de expectativa, e até de apreensão, com relação à reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na semana que vem, que vai decidir sobre a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 13,75%, uma das maiores de todo o planeta. Dentro do Governo Federal existe a pressão para que o Banco Central (BC) seja sensível e comece um processo de redução da taxa básica de juros. No entanto, alguns analistas e especialistas apontam que o BC deve analisar vários fatores externos e internos como núcleo de inflação, índice de difusão e pressões futuras para definir a taxa básica ideal para a economia brasileira. Nessa semana, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em tom irônico, chegou a pedir uma salva de palmas à futura decisão que será tomada pelo Copom. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, também tem falado sucessivamente sobre as condições dadas para a redução da taxa básica de juros.

Economistas apontam que, na reunião da semana que vem, o Copom deve manter a taxa em 13,75%, mas colocar na ata a intenção de corte para a reunião seguinte. Em entrevista à Jovem Pan News, o economista da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Comércios (CNC), Fábio Bentes, lembra que no primeiro semestre a atividade econômica foi bem lenta, bem devagar e que o corte na Selic deve ocorrer a partir do segundo semestre: “Qualquer medida de flexibilização da política monetária só deve ocorrer na sexta reunião desse ano, que ocorre no mês de setembro, em que pese o fato de que a inflação tem desacelerado, ainda há pressões inflacionárias no horizonte, principalmente no que se refere a preços de combustíveis. Portanto, o início do processo de flexibilização da política monetária só deve causar algum impacto positivo na economia no final de 2023”.

Ao longo dos últimos dias, métricas de inflação como o IPCA do IBGE e o IGP da Fundação Getúlio Vargas mostraram tendência de desaceleração e até taxas negativas. A cotação do dólar também tem contribuído bastante para alimentar a expectativa com relação à taxa básica de juros, pois opera abaixo dos R$ 5,00, um patamar bem mais baixo do que na virada de 2022 para 2023. O professor e economista do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) do Rio de Janeiro, Gilberto Braga, deu sua opinião sobre qual deve ser a posição do Copom com relação à taxa básica de juros: “Indicadores estão todos favoráveis tendenciados a isso, PIB com crescimento acima do esperado, inflação declinante e juros dos Estados Unidos estáveis. Todo esse conjunto de fatores sinaliza que, na próxima reunião do Copom, apesar de se esperar que a Selic ainda seja mantida, ele já deverá sinalizar na sua ata que deverá começar o ciclo de baixa a partir da reunião de agosto”. A reunião do Copom acontece na terça-feira, 20, e na quarta-feira, 21, da semana que vem.

*Com informações do repórter Rodrigo Viga

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