Aplicativo promove melhoria de atendimento no varejo a pessoas com deficiência

Segundo o IBGE, 25% da população brasileira tem alguma deficiência, mas o investimento em serviços especializados ainda é pequeno

  • Por Jovem Pan
  • 01/11/2021 07h27 - Atualizado em 01/11/2021 09h29
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Banco de imagens/Pixabay cadeira de rodas Segundo pesquisa realizada pelo aplicativo Inclue, 67,2% das pessoas com deficiências sentem falta de capacitação e acessibilidade no varejo

Pensando nas dificuldades que pessoas com deficiências encontram para realizar compras básicas, Sony Pólito e Rodrigo Piris criaram o aplicativo Inclue. Sony tem uma doença que fez com que ele perdesse boa parte da visão e Rodrigo foi diagnosticado com autismo. Por isso, eles conhecem bem as especificidades. A plataforma tem como objetivo fazer a ponte entre o setor varejista, pessoas deficientes e também idosos. Assim, as lojas podem treinar, por meio do aplicativo, funcionários para um atendimento especializado, ao mesmo tempo que permite que esse público marque horários nas lojas participantes. Sony diz que o projeto vai além de uma questão social e toca em aspectos econômicos: “As pessoas com deficiência, hoje em dia, trabalham, cada vez mais estão estudando, fazendo faculdades, entrando no mercado de trabalho, construindo suas famílias e tem dinheiro para gastar”.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 25% da população brasileira tem alguma deficiência, mas o investimento em serviços de atendimento e serviço especializados ainda é pequeno. Uma pesquisa realizada pelo aplicativo Inclue aponta que 67,2% dos entrevistados disseram que falta de capacitação e acessibilidade no varejo. Aos 21 anos Bruna Marsanovic viu sua vida mudar completamente. Há 6 anos ela foi vítima de uma tentativa de feminicídio e jogada de uma altura de 12 metros pelo ex-namorado. Ela sofreu lesão na medula, traumatismo craniano e perdeu a movimentação das pernas e os reflexos de um dos braços. Após o crime, precisou se reinventar e se adaptar à nova condição. Bem humorada, ela conta que, hoje, é atleta paraolímpica de rugby e uma mulher diferente, mais madura. No entanto, no aspecto físico tem notado algumas diferenças por ter se tornado cadeirante. “As pessoas ficam olhando ou vou em um estabelecimento e as pessoas não sabem como me atender ou ficam falando no diminutivo: ‘você quer um suquinho?’. Quando saio com a minha mãe ou com o meu marido, não conversam comigo, conversam com eles”, relata. Segundo ela, uma das grandes dificuldades é ser bem atendida em lojas comerciais.

A Bruna Marsanovic, utiliza o Inclue e diz que se sente muito mais a vontade para fazer as compras. Ela também destaca a importância desse público para o mercado. “Precisamos mostrar para a sociedade que a pessoa com deficiência tem uma vida normal, porque a gente é normal, eu tenho um acessório a mais, uma caracteristica a mais, que é a minha cadeira, o Sony tem a bengala. Isso não faz da gente diferente, essa responsabilidade que a Inclue tem em fazer esse trabalho com a sociedade é maravilhoso, abrir os olhos e mostrar que a gente também é consumidor”, pontua. Rodrigo Piris ressalta que o olhar sobre os deficientes precisa mudar: “O sofrimento das pessoas com deficiência não está na deficiência, mas nas pessoas e na sociedade. A deficiência é apenas uma característica, como todos nós temos, todos temos fraquezas e forças, a questão é saber trabalhar em equipe. Hoje, a gente cria essa solução exatamente para tornar o mundo melhor, mais empoderado, as pessoas mais empoderadas”.

*Com informações da repórter Camila Yunes

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