Após 15 anos, familiares de vítimas de acidente da TAM vivem sentimento de injustiça

Em 17 de julho de 2007, o acidente, ocorrido no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, deixou 199 mortos

  • Por Jovem Pan
  • 16/07/2022 09h33 - Atualizado em 17/07/2022 11h50
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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO/ Corpo de Bombeiros tenta conter as chamas de acidente que aconteceu durante o pouso e um Airbus da TAM causando uma explosão no terminal da companhia no Aeroporto de Congonhas Corpo de Bombeiros tenta conter as chamas de acidente que aconteceu durante o pouso e um Airbus da TAM causando uma explosão no terminal da companhia no Aeroporto de Congonhas

Em 17 de julho de 2007, um acidente com uma aeronave da TAM, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, deixou 199 mortos. O avião, um Airbus A320 que vinha de Porto Alegre (RS), não conseguiu pousar e atingiu um prédio da própria companhia aérea localizado do lado de fora da pista. Prestes a completar quinze anos depois da tragédia, os familiares da vítimas vivem um sentimento de injustiça. “Não existe reparação financeira para as nossas perdas. Pode falar qualquer número, mas nunca vai suprir a falta de uma pessoa. É muito difícil relembrar isso neste ano, mas é importante para que isso não volte acontecer”, disse Dario Scott, que perdeu a sua única filha, uma adolescente de 14 anos.

O avião atravessou toda a pista do aeroporto 24 segundos após tocar no solo, se chocou com o prédio da TAM e explodiu. Além das 187 pessoas presentes do avião, outras 12 que estavam no edifício morreram. “Nós estávamos recebendo os Jogos Pan-Americanos e a pista estava sendo reformada. Então, havia uma pressão econômica para o aeroporto voltar a funcionar. Então, mesmo com a obra inacabada, eles voltaram a funcionar. Ou seja, existe a possibilidade do avião ter feito a pausa sem os dois reversores estarem funcionando. Ainda assim, foi uma sucessão de ‘coisas permitidas’ para acontecer esta catástrofe”, continuou Dario Scott, que também é presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vitimas do Voo Tam (Afavitam).

Depois do acidente, a TAM passou a enfrentar uma intensa batalha jurídica com os familiares das vítimas. O jornalista Roberto Corrêa Gomes, que perdeu o irmão de 49 anos, conta que o choque foi tão grande que, em um primeiro momento, a reação foi conhecer as causas da tragédia. Passados dois anos do incidente, houve a efetiva análise das indenizações. “Sentar na frente de um advogado, profissional e frio, para negociar valores… Aí eu sempre caio naquela pergunta: ‘Quanto é que vale um filho? A mãe? Um irmão?’ Quanto vale uma família inteira? Duas famílias inteiras morreram naquela aeronave. Nada foi localizado para ser retirado uma sequência de DNA. É uma coisa complicada de responder para nós, que somos familiares e leigos. Claro, existe uma técnica internacional para chegar a esse valor, que considera a idade da vítima, participação dela e a renda. Tem esses extremos que você não consegue colocar nesse cálculo”, disse.

A Polícia Civil de São Paulo defendeu o indiciamento de 13 pessoas, mas o Ministério Público do Estado baixou para 11. O caso seguiu para o MPF, que denunciou treze envolvidos, mas a Justiça os absolveu. Houve ainda inquérito da Polícia Federal, que culpou os pilotos, algo contestado pelas famílias. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, que atua nas causas, e a Polícia Civil, em seus relatórios, foram inconclusivos sobre a responsabilidade dos pilotos, que poderiam ter sido induzidos a erros. Roberto descarta as informações de que as indenizações foram expressivas às famílias. “Em um imaginário popular, os familiares da TAM estão ganhando milhões. Não é verdade! Eu te garanto que as indenizações, salvo empresas que perderam seu CEO e que podem ter esse patamar, mas o que é um patamar alto quando se perde alguém? No restante, o que eu posso dizer, é que essas indenizações não modificaram o status econômico de ninguém. Quem era pobre, pagou umas contas, no máximo. Quem era classe média, segue na classe média. Quem era rico, segue mais ou menos rico. No fundo, todos esses saíram no prejuízo porque perderam familiares. Essa saudade permanece”, comentou o jornalista.

Leia abaixo a nota da Latam:

A LATAM Airlines se solidariza com todos aqueles que foram afetados por este acidente há 15 anos. Embora consciente de que nada poderá compensar as perdas, a companhia se empenhou, desde o primeiro momento, em apoiar os familiares de todas as maneiras e concluir o mais rápido possível o procedimento de indenização. A companhia informa que os familiares de todas as vítimas foram indenizados e que uma família segue com ação em andamento. A empresa não divulga valores das indenizações por questões de segurança e de privacidade dos próprios familiares.

Apoio a familiares: A companhia não mediu esforços para atuar com agilidade, transparência e prestar o total apoio aos familiares das vítimas, além de colaborar com as autoridades competentes. Minutos após o acidente, a empresa já tinha em operação sua sala de crise, com funcionários de diversos setores mobilizados para prestar todos os serviços necessários ao atendimento aos familiares das vítimas. De imediato a empresa também mobilizou cerca de 400 profissionais voluntários de seu programa PEACE (Programa Especial de Assistência ao Cliente em Emergência) para prestar auxílio a clientes, empregados e familiares.

Além disso, concedemos apoio aos familiares das vítimas, desde itens básicos como hospedagem, transporte, alimentação e ligações, até outros como assistência religiosa, psicológica, concessão de planos de saúde, contratação de empresa para a organização dos funerais, reembolso de despesas, entre outros. Em muitos itens as ações da empresa foram além dos padrões de assistências internacionais, como por exemplo o apoio psicológico estendido por 2 anos e o tempo de hospedagem também estendido conforme solicitações e duas linhas telefônicas (Brasil e exterior). Outro acerto foi já termos um grupo de funcionários voluntários treinados para atuar na situação: O PEACE, Programa Especial de Atendimento ao Cliente em Emergências. Desde a hora do acidente, cerca de 400 funcionários atuaram como voluntários no apoio aos familiares de passageiros, funcionários e moradores da área.

*Com informações do repórter Marcelo Mattos

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