Após aumento do diesel, motoristas se preparam para novo reajuste na gasolina
Petrobras já anunciou que o aumento também vai refletir no preço de outros combustíveis
A Petrobras reajustou o valor do diesel nas refinarias em 8,89% e a estatal já anunciou que haverá reajuste também do preço da gasolina nos próximos dias e os motoristas já se preparam para receber a conta. “A gente está passando fome para andar de carro. Se a gente quiser andar de carro tem que trabalhar dobrado, está terrível”, diz o autônomo Lucas de Oliveira. O motorista de aplicativo Ivan Félix concorda. “No começo do ano você colocava R$ 60 de combustível durante o dia e faturava R$ 300, agora você coloca R$ 150 para faturar R$ 300 novamente”, afirma. Desde a quarta-feira, 29, o valor do litro de diesel nas bombas está R$ 0,25 mais caro, passando de R$ 2,81 para R$ 3,06. Até o mês de agosto, o combustível acumula alta de mais de 28%, segundo o IBGE. Já a gasolina, que, nas refinarias, começou o ano sendo vendida a R$ 1,84 o litro, passou a custar R$ 2,78 em agosto, com aumento de mais de 30% desde o início do ano.
Para o economista Pedro Rodrigues, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura, a explicação das sucessivas altas está no câmbio e no aumento da demanda mundial por petróleo. “Quando o preço do barril sobe, ou o câmbio sobe, temos um aumento nos preços derivados de petróleo, a gasolina, o diesel e o GLP para cozinhar. O que aconteceu no último ano é que o preço do petróleo oscilou e subiu, a pandemia foi acabando, está diminuindo, as pessoas estão saindo de casa novamente e consumindo mais petróleo”, explica. A Petrobras, por sua vez, reafirma que acompanha os valores do mercado internacional e que também é influenciada pelo câmbio externo. Além disso, os impostos pesam no valor final que o consumidor paga nas bombas.
Um levantamento realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) apontou que o preço médio da gasolina chega a R$ 6,09 o litro no Brasil. Em alguns Estados, o combustível é vendido por mais de R$ 7 o litro. Isso porque o preço final é formado, ainda, por mais três fatores: os custos da adição obrigatória de etanol feita nas distribuidoras, as margens de distribuição e revenda e carga tributária, que representa a maior fatia. Somados com o ICMS, que é o imposto estadual, e o Pis/Pasep, Cofins e a Cide, que são federais, representam quase 40% do valor encontrado nos postos de combustível.
“O ICMS tem uma característica que ele é cobrado em razão de um percentual sobre um preço médio do combustível. Isso é uma figura complicada porque se o preço do petróleo sobe, o câmbio sobe, o percentual do ICMS é cobrado por um valor maior do que era antes”, diz Pedro Rodrigues. A possibilidade de unificar a alíquota do ICMS, mantendo um valor fixo para o imposto estadual sobre o litro do combustível e não sobre o preço, foi discutida ao longo da semana pelo presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira, em uma reunião com líderes do Congresso. Os parlamentares também discutem a criação de um fundo para dar mais conforto às oscilações dos preços.
*Com informações da repórter Livia Zanolini
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