Após dois anos de suspensão, EUA autorizam retomada de voos do Boeing 737 MAX

As aeronaves estão no chão desde março de 2019, depois que acidentes mataram 346 pessoas na Etiópia e na Indonésia

  • Por Jovem Pan
  • 19/11/2020 08h09 - Atualizado em 19/11/2020 10h23
Boeing/Divulgação Mesmo com a liberação, a aeronave não voltará a voar de forma imediata em todo mundo, já que autoridades de outros países devem emitir suas próprias certificações

A Boeing obteve aprovação da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos para retomar os voos com os jatos 737 MAX, após quase dois anos de suspensão devido a dois acidentes que deixaram 346 mortos. O chefe da FAA, Steve Dickson, assinou uma ordem suspendendo a proibição de voos impondo uma diretriz de aeronavegabilidade. O órgão afirma estar 100% confiante na segurança do Boeing 737 MAX, porém indica que a fabricante do avião terá que fazer mais para melhorar sua cultura de segurança. Mudanças no design e software tornaram a aeronave segura para voltar a operar. A autoridade está exigindo um novo treinamento de pilotos e atualizações para lidar com um sistema de prevenção do estol (ou perda de sustentação), que em ambos acidentes empurrou o nariz do jato para baixo enquanto os pilotos lutavam para recuperar o controle. Mesmo com a liberação, a aeronave não voltará a voar de forma imediata em todo mundo, já que as autoridades do setor aéreo de outros países vão realizar suas próprias certificações.

O CEO da Boeing, David Calhoun, afirmou que a decisão constitui uma etapa importante. As aeronaves 737 MAX estão no chão desde março de 2019, depois que acidentes mataram 346 pessoas na Etiópia e na Indonésia, provocando uma enxurrada de ações judiciais. Um painel do Congresso norte-americano concluiu, após 18 meses de investigação, que as duas quedas com o equipamento foram resultado de falhas, assim como de uma série de suposições técnicas incorretas dos engenheiros da Boeing, além de falta de transparência por parte da administração da empresa e uma supervisão grosseiramente insuficiente da FAA, destacou o relatório.

Vale lembrar que em meio à crise, a Boeing decidiu rescindir em abril de 2020 o acordo de compra da área da aviação comercial da Embraer, que previa a criação de empresa conjunta de US$ 5 bilhões. Agora, a Boeing está buscando novos compradores para muitos de seus 737 MAX, após ver centenas de pedidos cancelados. A demanda foi ainda mais prejudicada pela pandemia de coronavírus e a cadeia de produção também foi duramente afetada com fornecedores de peças sendo prejudicados. A American Airlines planeja operar o primeiro voo comercial do MAX em 29 de dezembro. A Southwest Airlines, maior operadora do modelo no mundo, não projeta retomar os voos da aeronave até o segundo trimestre de 2021.

*Com informações do repórter Daniel Lian

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