Após fala de Lula, Campos Neto diz que população pode sofrer com desequilíbrio das contas públicas

O presidente do Banco Central também disse que espera trabalhar da melhor maneira possível com o novo governo, mas afirma que teve pouco contato com a equipe de transição

  • Por Jovem Pan
  • 12/11/2022 09h44
FáTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Roberto Campos Neto olhando para frente Campos Neto afirmou que população mais pobre pode ser prejudicada pelo desequilíbrio das contas públicas

No dia seguinte ao discurso de Lula com duras críticas ao teto de gastos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fez um alerta. Segundo o chefe da autoridade monetária, o descontrole das contas públicas pode afetar justamente a população que se pretende ajudar. “O problema é olhar para a frente e entender que você tem menos impostos, tem alguns programas que se imaginava que seriam temporários e a gente precisa ter de um lado um olho para o social, e a gente entende que a pandemia deixou muitas cicatrizes, mas precisa ter um olho para o equilíbrio fiscal. Porque, no final das contas, se não tivermos equilíbrio fiscal, voltamos ao mundo de incertezas aonde a expectativa de inflação sobe, você desorganiza o setor produtivo em termos de investimento e quem sofre mais é a população que você quer ajudar”, explicou o presidente.

Campos Neto tem mandato até 2024 a frente do BC e, apesar do pouco contato com a equipe de transição, ele não acredita que a autonomia do Banco Central possa ser questionada com a mudança de governo. “A gente, obviamente, quer trabalhar com o governo novo da melhor forma possível, a gente está aberto a participar da transição. Ainda estão se formando os grupos. No período da eleição a gente vê que muitos grandes economistas apoiaram o governo que venceu as eleições. Na equipe de transição ainda não tive muito contato. Nesse período é normal que aumente o ruído, temos que esperar e ver”, disse Campos Neto. “Foi um ajuste de expectativa por uma interpretação que teve, que não sabemos ainda se é verdadeira ou não. Tem bons economistas no time, tenho conversado com alguns. Precisamos ver o que vai sair”, concluiu. Diante das incertezas em relação ao futuro das contas públicas, o Ibovespa encerrou a semana com recuo de 5%. O tombo é reflexo do receio entre investidores em relação a um eventual fim do teto de gastos na gestão petistas.

*Com informações do repórter Paulo Edson Fiore

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