Após mudança no governo, investidores optam por aplicar dinheiro fora do Brasil
Especialistas recomendam a diversificação da carteira de ativos, mas não colocar 100% dos recursos fora do país
Segundo estatísticas do Banco Central, os investimentos no exterior cresceram 47,5% entre 2021 e 2022. Conforme Daniel Haddad, CIO da Avenue, empresa especializada em investimentos, muitos brasileiros estão levando as suas reservas para fora do país. A empresa registrou recorde de captação em dezembro com R$ 1,5 bilhão. “O que está acontecendo agora é a continuação do amadurecimento do brasileiro como investidor. Se você pega o histórico desse amadurecimento, lá atrás o brasileiro só investia, basicamente, em imóvel e poupança. Depois disso, ele começou a se educar e passou a investir também em ações e tesouro direto e outros produtos mais sofisticados, por exemplo. O que está acontecendo agora é a continuação desse amadurecimento. É o investidor diversificar globalmente, ele perceber que ele ter um pedaço, um percentual do portfólio dele investindo fora do país é muito importante do ponto de vista de risco do portfólio dele, como um todo”, explica.
Com 700 mil clientes, a empresa que Daniel representa teve na primeira semana de janeiro captação 35% maior que no mesmo período de dezembro de 2022. “Ultimamente, os investidores que têm buscado a gente estão chegando com a mentalidade de que precisa preservar o capital, precisa ter uma diversificação global, precisa ter um pedaço da carteira fora do país para poder melhorar a carteira como um todo. Isso não quer dizer que ele vai mandar 100% do dinheiro para fora. Nem é isso que a gente recomenda. Mas ele ter um percentual fora do país é importante, da mesma forma como acontece em todos os outros países do mundo. Então é esse investidor que tem buscado a gente agora”, explica. Segundo o especialista, a recomendação para quem pretende aplicar é sempre fazer uma distribuição do dinheiro em setores diferentes para evitar perdas.
A falta de confiança no mercado interno foi o que motivou o analista de sistemas Guilherme Araújo a investir todo o dinheiro dele no exterior. Ele começou a investir há seis anos depois da venda de um imóvel. No terceiro ano, começou a fazer aplicações no mercado externo. E, na transição de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), resolveu colocar 100% dos recursos nos Estados Unidos. “Investir no exterior dá essa confiança a mais de que órgãos regulatórios sérios, que realmente fazem o trabalho que precisa ser feito, isso dá mais confiança para o investidor”, diz. De acordo com Araújo, investir em ações nos EUA não garante maiores lucros, mas ele acredita que o país seja mais estável economicamente: “A relação de ganho e perda, não há garantia nenhuma de que eu vou ter uma liquidez boa lá fora. Se eu não fizer o estudo adequado daquilo que eu tô investindo, assim como eu teria que fazer aqui dentro do Brasil, em qualquer papel que eu fosse investir, ganhar e perder é do jogo. É mais a questão de garantias e seguranças de que aquilo em que eu estou investindo vai continuar sendo meu, de certa forma”.
*Com informações do repórter David de Tarso
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