Aposentados relatam cobranças de empréstimos indevidos ao Procon-SP

Segundo o Procon de São Paulo, entre outubro e dezembro foram registradas mais de mil denúncias desse tipo; para o diretor-executivo do órgão, Fernando Capez, o número de pessoas prejudicadas pelo golpe deve ser ainda maior

  • Por Jovem Pan
  • 23/12/2020 10h39 - Atualizado em 23/12/2020 11h40
Pixabay Cédulas de real espalhadas O Procon defende que a empresa devolva os valores indevidamente cobrados dos consumidores e cancele o contrato de empréstimo

Aposentados e pensionistas do INSS estão sendo surpreendidos com depósitos de empréstimos consignados não autorizados em suas contas bancárias. Nas redes sociais, diversos beneficiários relatam o problema: eles explicam, depois de receberem os depósitos indevidos, que estão sendo cobrados com juros e multas mesmo não tendo contratado nenhum tipo de financiamento. Segundo o Procon de São Paulo, entre outubro e dezembro, foram registradas mais de mil denúncias do tipo; a maioria, dos bancos C6 e BMG. O diretor-executivo do órgão, Fernando Capez, afirma que o número de pessoas prejudicadas pelo golpe deve ser ainda maior, já que muitas não percebem o problema. “Algumas confundem com parcela do décimo terceiro, não entendem direito o que está acontecendo e ficam até felizes com ingresso de um certo numerário na sua conta. Só que, algum tempo depois, começam as receber boletos como se aquilo fosse um empréstimo e pagando juros altíssimos sobre aquele valor. Muitas pessoas recebendo esse valor imaginaram que fosse algum tipo de pagamento que elas tinham direito de receber, depois veio a surpresa desagradável, com descontos de até 40% do que a pessoa recebe”, explica.

Segundo Capez, o problema começou a acontecer depois que as instituições financeiras foram autorizadas a aumentar o valor do empréstimo consignado para 35% descontado do holerite dos aposentados e pensionistas. O diretor-executivo do Procon de São Paulo relata que já entrou em contato com as instituições financeiras pedindo o cancelamento dos empréstimos, mas também pediu ao próprio INSS para não fazer esse tipo de desconto sem comprovação da autorização do beneficiário. “O INSS precisa chamar todos aqueles que têm empréstimo consignado a partir de outubro deste ano e perguntar se a pessoa sabe o que é aquilo, se ela autorizou o empréstimo e confirma que está correto. Caso contrário, é a instituição financeira que deverá comprovar que teve autorização do consumidor”, diz.

O Procon defende que a empresa devolva os valores indevidamente cobrados dos consumidores e cancele o contrato de empréstimo. Além disso, Fernando Capez também pede que os beneficiários registram a reclamação através do site da Procon de São Paulo. Em nota, o C6 afirmou que apura todas as práticas denunciadas e que tomará todas as medidas cabíveis. O Banco BMG declarou que analisa caso a caso e, quando alguma fraude é identificada, o cliente é prontamente ressarcido. Segundo a Febraban, 177 correspondentes bancários receberam sanções e cinco já foram proibidos de oferecer crédito consignado em nome de bancos.

*Com informações da repórter Beatriz Manfredini

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