Ataques a jornalistas crescem 54% no Brasil; Bolsonaro diz que imprensa ‘teme a verdade’
Aumentou em 54% o número de ataques a jornalistas e veículos de comunicação no Brasil em 2019. O levantamento consta de um relatório apresentado nesta quinta-feira pela Federação Nacional dos Jornalistas.
Em 2019 foram 208 ataques, contra 135 em 2018. Do total de casos, 114 foram de ataques à credibilidade da imprensa — e 94 foram agressões diretas a profissionais.
Esta é a primeira vez que a Fenaj contabilizou as tentativas de descredibilização da imprensa.
Segundo a federação, no primeiro ano de governo, o presidente Jair Bolsonaro foi responsável — sozinho — por 58% dos ataques contra a mídia.
Nesta quinta-feira (16), durante evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro voltou a fazer críticas à imprensa. “A essa imprensa: não tomarei nenhuma medida para censurá-los, mas tomem vergonha na cara. Deixem nosso governo em paz para poder levar paz, tranquilidade e harmonia ao nosso povo.”
Em 2019, os políticos foram os principais autores de ataques a veículos de comunicação e jornalistas — totalizando 144 ocorrências.
A Federação também registrou, em 2019, dois assassinatos, 28 casos de ameaça e intimidação, 15 agressões físicas e 10 casos de censura ou impedimento do exercício profissional.
O Sudeste se manteve como a região com mais casos de violência direta contra jornalistas e São Paulo continua sendo o estado com mais casos — seguido pelo Distrito Federal e pelo Rio de Janeiro.
Pelo segundo ano consecutivo, os jornalistas que trabalham em televisão foram os mais agredidos. Destes, os repórteres cinematográficos e fotográficos são as maiores vítimas.
Em maio, a equipe de reportagem da Jovem Pan foi agredida durante manifestações contrárias ao contingenciamento de recursos do Ministério da Educação.
O repórter Marcelo Mattos e o cinegrafista João Pedro Montans foram cercados durante 20 minutos e as agressões foram transmitidas ao vivo no programa Os Pingos nos Is.
No lançamento do relatório, os responsáveis pelo levantamento classificaram os dados como alarmantes e exigiram ação dos jornalistas, das empresas e do governo para combater a violência.
*Com informações do repórter Afonso Marangoni
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.