Aumento do gás encanado a partir desta segunda-feira em SP preocupa indústrias

Estimativa é de que o aumento chegue a 39% para as empresas, enquanto o consumidor residencial terá reajuste de cerca de 30%

  • Por Jovem Pan
  • 31/05/2021 11h23
Agência Petrobras/Divulgação Valor do gás natural está atrelado a variação do petróleo no mercado internacional Pelo menos quatro associações, como das indústrias de vidro, química e das cerâmicas de revestimento, contestam o reajuste

A partir desta segunda-feira, 31, o gás canalizado passa a ter alta de até 40%, dependendo do serviço utilizado, em São Paulo. O anúncio foi feito na última quinta-feira pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp). O reajuste leva em conta o aumento de 39% no preço do gás natural que foi anunciado pela Petrobras. O segmento de GNV, o gás natural veicular, terá o maior impacto, sofrendo reajuste que pode chegar a 39,9%. Na sequência, a indústria recebe o impacto. A estimativa é de que o aumento chegue a 39%, enquanto o consumidor residencial terá reajuste de cerca de 30%. A Arsesp chegou a informar que as tarifas deveriam ser corrigidas considerando a inflação medida pelo IGPP-M. Se fosse assim, o aumento poderia chegar a 80%. A agência aponta que para evitar isso houve um acordo com as empresas para chegar ao índice anunciado. Ainda assim, a indústria questiona a alta. Pelo menos quatro associações, como das indústrias de vidro, química e das cerâmicas de revestimento, contestam o reajuste. Isso porque apenas esses representantes fazem 70% do consumo de gás do Estado de São Paulo.

A economista-chefe do TC, Fernanda Mansano, aponta que o impacto na indústria é muito grande, sobretudo por não haver margem para repasse da alta aos consumidores. “O que a gente pode ver é uma diminuição das margens das empresas porque não há a faciliade da empresa repassar esses custos para o consumidor. E outro ponto é o seguinte: a gente ainda está vendo uma economia que está reaquecendo, então ainda não vimos demanda tão forte em comparação com outros períodos”, diz. Ricardo Balistiero, economista do Instituto Mauá de Tecnologia, reforça que uma maior concorrência no setor energético pode trazer barateamento ao consumidor. “Lamentavelmente, em maio de 2021, nós ainda temos a Petrobras como a única fornecedora quase monopolista de gás no nosso país. E acompanhando a trajetória dos preços internacionais, principalmente da alta do dólar, a Petrobras com uma política de acompanhamento dos preços internacionais, acaba repassando para o consumidor final o reajuste de preços. Um cenário de mais competidores, com mais concorrentes, isso pode se inverter em redução do preço”, ressalta. Para as casas das pessoas que usam gás encanado, a tarifa subirá até 9,8% pela Comgás. Na área da atuação da empresa Naturgy, a alta pode chegar a 33,3%.

*Com informações do repórter Fernando Martins

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