Boulos advoga para o PT e defende que “Venezuela é uma democracia”
Durante o Jornal da Manhã, desta quarta-feira (23), o pré-candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos apresentou suas intenções de concorrer ao Planalto. Idealizador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Inclusive, uma das indagações da bancada foi sobre uma possível “defesa” de invasões, caso assuma a presidência.
“Como presidente vou fazer a Constituição ser cumprida e não pela metade. A constituição assegura o direito a propriedade e também diz que a propriedade tem que cumprir uma função social”, assegurou.
De acordo com Boulos, o estatuto das cidades, aprovado no governo FHC, em 2001, também será cumprido.
Questionados sobre a corrupção nos governos do PT no caso do petrolão, Boulos citou casos do governo anterior, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando foi aprovada a emenda que permitiu a reeleição por suposta compra de votos do Congresso, e destacou a corrupção sistêmica na política do País.
“No sistema político brasileiro lamentavelmente há uma promiscuidade entre o público e privado. O grande poder econômico se apropriou do público, seja por corrupção, seja por privilégios. E por isso precisamos de uma reforma política profunda”, defendeu o pré-candidato.
“Quem financiou compra de votos para a reeleição no governo FHC em 1998?”, questionou.
“O sistema político brasileiro é um sistema que está marcado por uma estrutura de apropriação do público e privado. Combater a corrupção, a gente faz com uma reforma política profunda que tire as raposas do galinheiro”, afirmou Boulos.
“Venezuela não vive ditadura”
Apoiador dos ideais do chavismo, Guilherme Boulos é acredita que a crise da Venezuela tenha sido motivada, principalmente, pela queda no preço do petróleo. “Cerca de 97% das exportações da Venezuela são petróleo. É uma economia altamente dependente do petróleo e houve erro na política econômica de não ter diversificado suas matrizes. Quando o barril custava US$ 110,00, era uma coisa. Mas quando o barril caiu para US$ 40,00, evidentemente que entrou em colapso. Isso gerou variação cambial e inflação e o pais fica numa situação econômica brutal”, argumentou.
O candidato reconhece que o país vive uma crise humanitária, mas ratifica que o governo de Nicolás Maduro tem total legitimidade. “A Venezuela não é ditadura. Cuba não é ditadura. O governo Maduro foi eleito ao contrário do Brasil que tem um governo ilegítimo”, afirmou.
Indagado sobre um possível rompimento das relações com Cuba, Venezuela e Nicarágua, por conta das violações ao direitos humanos e se moraria na Venezuela, o pessolista respondeu que moraria em qualquer país do mundo e que as questões são muito mais complexas.
Postura radical
Já sobre o radicalismo do Movimento, que tem realizado diversas manifestações e invasões pelo País, o pré-candidato ressaltou que as mobilizações são legitimas e necessárias em qualquer democracia. “É fácil sair chamando de vagabundo, terrorista, baderneiro e não ver as necessidades que estão por trás. Baderna é um Congresso que espolia o povo, que faz um balcão de negócios. Baderna é ter o MDB chantageando e dando as cartas em todos os presidentes eleitos”, afirmou.
“Temos que fazer política de uma maneira em que podemos botar o MDB como oposição”, completou.
Guilherme Boulos rechaça o rótulo de “radical e extremista”, pois segundo ele essa é uma pecha que cabe à realidade brasileira. “Extremismo é 8 milhões de imóveis vazios e 6 milhões de pessoas sem casa. Lutar contra essa realidade não é extremismo”, salientou.
“Ninguém bloqueia uma pista por diversão. Os caminhoneiros fazem porque a gasolina chegou a R$ 5,00. Os motoqueiros que bloquearam a Avenida Paulista, também foi por isso. Os sem-teto não bloqueiam uma rodovia porque acham bonito. Lamentavelmente, o governo brasileiro tem poucos canais para ouvir as pessoas. Se as pessoas não bloquearem elas não serão ouvidas”, defendeu o pré-candidato do PSOL.
MST
A relação com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) também foi debatida. De acordo com Boulos, o MST luta por uma dívida histórica chamada “reforma agrária” e a saída para resolver as questões do campo seria o fomento da agricultura familiar.
Assista a entrevista completa:
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.