Bolsonaro deve encontrar resistência para rever teto de gastos
A equipe econômica do governo federal trabalha com a possibilidade de flexibilizar o chamado teto dos gastos, criado com o objetivo de evitar, a longo prazo, o crescimento dos gastos públicos. A possibilidade de alterar a medida foi admitida, nesta quarta-feira (4), pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que afirmou que, sem alteração, vai precisar cortar “até a luz dos quartéis”.
Apesar do sinal verde de Bolsonaro, no entanto, a mudança pode encontrar resistência. O presidente da Câmara dos Deputados, por exemplo, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já avisou que é contra a mudança. Ele ressaltou que, se há dificuldade no orçamento, é preciso que o governo faça uma reforma administrativa e comece a gastar menos.
“Nosso problema não está em discutir o teto de gastos, está em discutir despesas. Nós temos, mais ou menos, 14% do PIB [Produto Interno Bruto] em Previdência, 13% em funcionalismo e 6% em juros. 33% do PIB estão comprometidos, então. Nós temos que reduzir essa despesa. Então você abrir o teto é você não tratar do problema”, afirmou.
O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, no entanto, defendeu o entendimento da área econômica. Segundo ele, é preciso “mudar a dinâmica” dos gastos. “O governo não irá exigir mais impostos da sociedade para conseguir equilibrar as contas públicas. Então, é preciso mudar a dinâmica das despesas obrigatórias”, disse.
Ainda de acordo com Barros, Bolsonaro defende mudanças pois, se isso não for feito, a tendência é que o governo fique sem recursos para garantir a manutenção da máquina pública.
Vale lembrar que, quando a proposta foi apresentada pelo ex-presidente Michel Temer, em 2016, o então deputado Jair Bolsonaro votou a favor. O porta-voz justificou o voto do presidente afirmando que “as pessoas, na verdade, evoluem”.
*Com informações da repórter Luciana Verdolin
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