‘Bolsonaro foi um negacionista desde o início da pandemia’, avalia Doria

Governador de SP ressaltou que presidente continua contribuindo para dificultar o acesso a vacina

  • Por Jovem Pan
  • 22/10/2020 08h56 - Atualizado em 22/10/2020 09h07
ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO Doria lembrou que diversos países não autorizam turistas brasileiros sem determinadas vacinas

O governador do Estado de SP, João Doria, voltou a afirmar que, de maneira geral, todas as ações feitas pelos estados e municípios contra a Covid-19 foram corretas e preventivas. Ele destacou que São Paulo está há dois meses com os números de infectados e óbitos em queda, além da mais baixa taxa de ocupação dos leitos de UTI até o momento, e que outros estados tem feito um trabalho exemplar para proteção da população. “Quem não fez o que deveria foi o presidente Jair Bolsonaro, ele foi um negacionista desde o início”, declarou.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan, Doria completou: “Nenhum governador disse que era uma gripezinha, um resfriadinho, que no máximo morreriam 4 mil pessoas — como se isso fosse banal. Não foi nenhum governador que recomendou cloroquina para a população, um medicamento não autorizado pela Anvisa, para consumo generalizado.” O governador de SP lembrou que Bolsonaro já foi comparado, em grandes veículos do mundo, com os ditadores da Bielorússia e da Nicarágua. “São os que negam a dimensão da pandemia e continuam afirmando que é uma gripe e que todos deveriam sair de casa.”

João Doria ainda ressaltou que Bolsonaro continua contribuindo para dificultar o acesso a vacina e lamentou que o presidente tenha desautorizado o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, uma dia depois dele se comprometer com a aquisição de 46 milhões de doses da CoronaVac. “Você não compra uma vacina pela origem dela, mas sim pela eficácia e capacidade de imunização. Ninguém no mundo faz isso. Já é o terceiro ministro da Saúde que ele desautoriza. É muito triste para um país que vive a pandemia ter um presidente que não respeita a ciência.”

Questionado sobre possíveis punições para quem escolhesse não se vacinar diante de uma obrigatoriedade de imunização, o governador jogou a situação para o presidente. “Há uma lei assinada pelo Bolsonaro, em fevereiro, que determina a obrigatoriedade da vacina. Está escrito. Ou ele muda o decreto ou prevalece isso. A decisão é do Ministério da Saúde e foi assinada por Bolsonaro. Por enquanto, como a medida foi assinada por ele, cabe a ele ao ministro informarem [as punições] até que haja um posicionamento contrário”, disse. Porém, ele lembrou que diversos países não autorizam turistas brasileiros sem determinadas vacinas — e que não deve ser diferente em relação à Covid-19. “Não precisa nem estabelecer sanção ou punição, [as pessoas] naturalmente terão dificuldades.”

Doria finalizou dizendo que está previsto no pacto federativo, pelo STF, que cabe os estados e municípios as definições sobre políticas de saúde. “Diante de uma pandemia, eu aprendi com especialistas, você precisa ter vacinação em massa. Todas as pessoas. Não é razoável que seja seletivo. Só não vamos vacinar quem tenha comorbidades e seja impedido por ordem médica. Fora isso, a ciência orienta que todas as pessoas se vacinem. Todos os dias perdemos 600 vidas. É como se três aviões caíssem todos os dias”, disse. O governador alertou que a corrida pela imunização já começou no mundo e que a necessidade por doses deve ser mais alta do que as ofertas. “Por isso o equívoco do Bolsonaro em negar a compra do Butantan. Ele já assinou uma MP de R$ 2,4 bilhões para outras duas vacinas. Precisamos dessas e de outras, antes que a corrida torne a compra inviável pelo preço ou pela dificuldade de encontrar.”

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