Brasil registra aumento no número de cirurgias no rosto

Chamado ‘Efeito Zoom’ tem incentivado cirurgias plásticas entre jovens após a popularização de reuniões virtuais por causa da pandemia da Covid-19

  • Por Jovem Pan
  • 31/07/2022 13h39
wavebreakmedia_micro - br.freepik.com Médico marcando pacientes do sexo feminino para tratamento cosmético Médico marcando paciente para cirurgia plástica; Popularização das reuniões virtuais pode ter aumentado a demanda por procedimentos

O Brasil tem registrado um crescimento expressivo de cirurgias no rosto e a explicação para este aumento pode estar no contexto global de popularização das reuniões virtuais por causa da pandemia da Covid-19. Em entrevista à Jovem Pan News, a biomédica Kézia Penteado, que divulgou seu procedimento estético em vídeos na internet, relatou o descontentamento com o próprio visual e como foi se submeter a uma rinomodelação: “Eu tinha uma ‘batatinha’ só. Então me incomodava na hora de sorrir, parecia que só tinha uma bolinha no meio do rosto. Mas nunca procurei saber uma forma de melhorar isso, a não ser fazer uma cirurgia plástica”.

“Aí foi quando eu conheci o doutor Wendell e descobri que não precisaria fazer uma cirurgia e sim uma rinomodelação, que é só enxertar um produto para melhorar essa estética que tanto me incomodava. Ele faz uma simulação e te mostra como vai ficar o nariz, se era do meu agrado, se era isso que eu sonhei. E era tudo o que eu sonhei em uma simulação”, declarou. Entre os procedimentos que mais cresceram no país está a rinoplastia, que aperfeiçoa os traços faciais, aprimora a proporção do nariz e também pode corrigir dificuldades respiratórias. Em diversos países esse método tem sido buscado principalmente por pessoas com menos de 34 anos de idade, segundo dados da Academia Americana de Cirurgia Plástica.

Muitas celebridades e influenciadores, que estão sempre em visibilidade, querem requintar a parte estética e minimizar os sinais de envelhecimento. O aperfeiçoamento da face também é reflexo da era das redes sociais, selfies e reuniões virtuais, que se tornaram comuns durante a pandemia da Covid-19. O chamado “Efeito Zoom” tem incentivado cirurgias plásticas entre jovens. A especialista em comportamento humano Branca Barão falou sobre essa mudança de paradigma.

“Se a gente pensar que agora a gente anda muito mais falando pelo vídeo e convivendo pelo vídeo, a gente também se olha muito mais. Antes eu estava em uma reunião e eu estava preocupada com o que eu ia dizer, com aquilo que eu ouvia. Claro que eu queria parecer bonita, bem apessoada e chique, mas eu não estava me olhando o tempo inteiro. Eu chamo isso de ‘Efeito Zoom’. Então, como eu fico o dia inteiro em reunião olhando para a minha própria cara está muito mais fácil achar os, entre aspas, ‘defeitos’. Ou de botar defeito em mim mesma”, explicou.

As mulheres que buscam esse tipo de intervenção estética são maioria, porém aproximadamente 25% dos pacientes são homens. Pouco mais de uma década atrás esse número não chegava a 5%. O cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Hospital Albert Einstein, Wendell Uguetto, indica que houve uma explosão de cirurgias no pós-pandemia devido à demanda reprimida: “Brasil e os Estados Unidos são campeões em cirurgias plásticas estéticas. Em 2020, os EUA passaram absurdamente o Brasil. Nós ficamos com 1,3 milhão de cirurgias e os EUA mais de 1,5 milhão”.

“Isso por causa do cenário da pandemia. Aqui nós tivemos um lockdown muito mais severo que lá. Em 2021, nós tivemos uma demanda reprimida de pacientes aqui no Brasil. Então nós superamos os EUA em muito. Ano passado foram mais de 1,5 milhão de cirurgias plásticas”, detalhou. Thiago Marra, que também é cirurgião plástico, afirmou que os procedimentos estão muito avançados e seguros atualmente: “A evolução da técnica cirúrgica para ser feita de forma menos invasiva com a estruturação do nariz, por exemplo, com enxerto de cartilagem vem melhorando os resultados e também fazendo com que os pacientes procurem mais”.

“A gente sempre busca conscientizar os pacientes de que perfeição não existe. A gente tem que se aceitar do jeito que a gente é. Como se diz: ‘Ser feliz, é ser feliz apesar de’. Então apesar de eu não ter a aparência que seria a ideal, digamos assim, eu sou feliz. Apesar de eu não ter todo o dinheiro que eu gostaria, eu sou feliz. Então a gente sempre busca passar essa conscientização para as pessoas também”, alertou Marra. Também é importante cautela ao escolher o profissional para realizar uma cirurgia plástica. Vale destacar que qualquer procedimento cirúrgico deve ser realizado em um centro especializado, com anestesia adequada a cada intervenção que garanta segurança ao paciente.

*Com informações do repórter Daniel Lian

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