Brasil vive o ‘maior colapso sanitário e hospitalar da história’, diz Fiocruz
As taxas de ocupação das UTIs para Covid-19 são iguais ou superiores a 80% na rede pública de 24 Estados e no Distrito Federal; com isso, prefeitos e governadores adotam novas restrições
Com 91% dos leitos de terapia intensiva (UTI) ocupados no Espírito Santo, não restou outra alternativa ao governador Renato Casagrande se não decretar quarentena de 14 dias a partir de amanhã em todo o Estado. “Na hora que você reduz a mobilidade, a internação, você consegue reduzir a transmissão do vírus. A transmissão do vírus, que esteve por muito tempo abaixo de 1, está acima de 1. Se a gente reduz a transmissão do vírus a gente consegue reduzir também a demanda sobre o leito hospitalar”, afirmou. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é taxativa sobre o cenário: o Brasil passa pelo “maior colapso sanitário e hospitalar da história”, com 24 estados e o Distrito Federal com índices de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 iguais ou superiores a 80% no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 14 estados e no DF, as taxas superam 90%. Em 25 das 27 capitais, 80% das vagas em unidades de terapia intensiva estão ocupadas. Em 19 delas, esse percentual está acima de 90%.
Para conter o caos na saúde, os especialistas da Fiocruz são categóricos ao defender maior rigor nas medidas de restrição. Em Alagoas, o governador Renan Filho decretou o retorno de todos os municípios para a Fase Vermelha, a mais rígida, por 14 dias, mantendo as escolas abertas. “Há gente que acha que deve parar as aulas, há gente que acha diferente. A gente vai aguardar, durante esse decreto, funcionando para avaliar durante esses 14 dias qual procedimento adotaremos a diante. Mas, nesse momento, as aulas prosseguem”, disse. Em Florianópolis, a partir de agora, o transporte público só pode funcionar com 50% da capacidade e a circulação em praias, parques e praias está proibida. Em Belo Horizonte, começa a valer o toque de recolher das 20h às 5h.
No interior paulista, o cenário não é muito diferente. Em Bauru, quinze pacientes infectados morreram à espera de leitos nesta terça-feira, 16, em um posto de saúde. Em Ribeirão Preto, a prefeitura anunciou o fechamento de atividades essenciais e a restrição na circulação de pessoas na cidade por ao menos cinco dias a partir desta quarta-feira. Segundo o prefeito Duarte Nogueira, a cidade está em lockdown. “A situação gravíssima que se encontra a nossa estrutura hospitalar, apesar da abertura grande de leitos que aconteceu desde do começo do ano para cá. Nós chegamos a iniciar o mês de janeiro com 80 e poucos leitos de UTI. Agora, estamos com 245, praticamente triplicou o número de leitos de UTI na cidade até meados de março”, pontuou. A prefeitura de São José do Rio Preto também limitou as atividades. O secretário de Saúde Aldenis Borim diz que já não é mais possível abrir leitos. “Nós não temos equipamentos, nós não temos medicamentos, nós não temos recursos humanos. Então chegou o momento em que nossa restrição também chegou no limite máximo. Daqui pra frente é apenas lockdown.” O colapso no atendimento às vítimas da Covid-19 revela-se em números. Nesta terça, o Rio Grande do Sul registrou 502 mortes, maior número num único dia desde o início da pandemia. Em todo país, foram 2.841 mortes confirmadas em 24 horas. Em pouco mais de 1 ano de pandemia, já são mais de 282 mil vidas perdidas para o coronavírus.
*Com informações da repórter Letícia Santini
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