Cármen Lúcia dá prazo para PGR se manifestar sobre possível interferência de Bolsonaro no caso MEC
Presidente pode ter passado informações sigilosas para o então ministro Milton Ribeiro sobre investigação deflagradas contra ele
Para a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, os indícios de interferência do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), no caso de suspeitas de corrupção do Ministério da Educação são fortes. Depois de ter acesso às gravações e todo o conteúdo da investigação, que terminou com a prisão e soltura do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, e de pastores e lobistas, caberá agora à Procuradoria-geral da República avaliar se abre ou não uma investigação contra o presidente Bolsonaro.
A equipe de Augusto Aras terá acesso ao inquérito da Polícia Federal, que tem áudios, depoimentos e provas da investigação. Neste momento, o presidente Bolsonaro não é alvo de investigação do caso do MEC, mas, de acordo com a PF, o presidente sabia de tudo. Agora, cabe à equipe do PGR Aras decidir se abre ou não uma investigação formal contra Bolsonaro. O delegado responsável pela operação, Bruno Calandrini, em mensagem enviada aos colegas da PF, apontou interferência na investigação. Segundo Calandrini, Milton Ribeiro estava ciente da execução de busca e apreensão, como mostra o grampo telefônico autorizado pela justiça. Na conversa por telefone, Milton afirmou à filha que recebeu uma ligação do presidente Bolsonaro na qual ele dizia temer que o ministro fosse alvo de uma operação da PF. Na conversa, Ribeiro também fala da possibilidade de ser alvo de busca e apreensão, como de fato ocorreu dias depois.
Por causa das suspeitas, a investigação foi encaminhada ao STF, uma vez que o presidente da República possui foro privilegiado por prerrogativa de função. O Ministério Público Federal também viu forte interferência e, com base nas ligações interceptadas e nas afirmações do delegado e de testemunhas, pediu à justiça para investigar uma eventual participação de Bolsonaro no caso do MEC. Com isso, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara da Justiça Federal de Brasília, atendeu ao pedido do MPF e remeteu o caso para o STF.
*Com informações do repórter Maicon Mendes
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