CBF realiza Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, desembargadora comentou as ações da entidade para combater casos de injúria racial em campo

  • Por Jovem Pan
  • 29/08/2022 07h48
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Matheus Amorim/FEC fortaleza; racismo; mosaico Mosaico que a torcida do Fortaleza fez em maio deste ano para protestar contra o racismo

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) realizou na última quarta-feira, 24, o Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol na sede da entidade, no Rio de Janeiro. Na opinião do presidente da CBF, Edinaldo Rodrigues, a iniciativa é um marco para a entidade que também fará uma série de ações nos estádios para conscientizar os torcedores. Foram contabilizados 64 casos de preconceito racial nos estádios brasileiros nos oito primeiros meses deste ano. Entrevistada pelo Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, a desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivana Davi, ressaltou que o assunto deve ser cada vez mais pautado nos canais de comunicação para abordar a problemática em toda a sociedade: “Eu acho que hoje as pessoas denunciam mais. E acho mais, a tecnologia mudou muito esse olhar. Antes, a prova sobre ter sido vítima de uma injúria racial, ou ter sido vítima de um crime de racismo, sempre foi a palavra de um contra o outro. Agora não, tudo é filmado e tudo é captado”. Ivana também afirmou que a pena no Brasil não intimida efetivamente o infrator do crime de racismo.

“A sensação de impunidade, em que nós estamos inseridos e principalmente toda a sociedade latente, hoje praticamente é uma unanimidade. O crime de racismo , um crime grave, que é imposto na Constituição e tido como inafiançável a pena vai a três anos de reclusão. E nós sabemos que existe toda uma estrutura hoje de despenalização como acordo de não persecução penal e transação penal. Para o juiz determinar uma prisão preventiva o crime tem que ter pena superior a 4 anos. Então existe toda uma sistemática processual penal que de alguma forma faz com que a Justiça fique mais travada”, criticou a desembargadora. A especialista categorizou o racismo como um problema cultural e disse que o grande desafio é quebrar esse ciclo: “Isso vem se repetindo e as pessoas repetem ou praticam atos racistas sem ter o mínimo de consciência de que aquilo é racismo. Eles vivem se xingando o tempo todo e isso é o exercício que nós temos que romper, uma bolha que nós temos que romper e um ciclo que temos que romper. Por isso o sistema de Justiça tem atuado de forma mais dura e clara”.

*Com informações da repórter Isabela Noleto

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