Cerca de 2,5 milhões de pessoas vivem em áreas dominadas por milicianos e traficantes no RJ

Pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense mapeou a violência no Estado e apontou para um crescimento do domínio das milícias

  • Por Jovem Pan
  • 18/04/2023 11h31
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Senivpetro/Freepik Na imagem, aparece um hpmem de calça jeans, segurando uma arma Mapa da violência no Estado do Rio de Janeiro revelou um aumento do domínio das milícias no Estado

Pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos (Geni), da Universidade Federal Fluminense (UFF), revelou o mapa da violência no Rio de Janeiro. De acordo com o levantamento, cerca de 2,5 milhões de pessoas da capital fluminense e da região metropolitana vivem em áreas dominadas por traficantes e milicianos. Em entrevista à Jovem Pan News, Daniel Hirata, que é professor de sociologia e coordenador do Geni, explicou que o controle armado está pulverizado em diferentes regiões: “A região Leste metropolitana, a região de Niterói e São Gonçalo, é predominantemente controlada pelo Comando Vermelho. A zona Sul do Rio de Janeiro também tende a ser mais predominantemente controlada por esse grupo. A Baixada Fluminense e o Norte da cidade do Rio de Janeiro são áreas muito divididas entre facções do tráfico de grogas e vários grupos de milicianos. A zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro é a área mais homogeneamente controlada por milícias”.

A pesquisa mostra inda que, ao longo de 15 anos, houve um aumento dos grupos armados compostos por milicianos. Em 2006, eram pouco mais de 26% e agora chegam a quase 50%. Nas disputas de territórios, as milícias impõem regras aos moradores das determinadas regiões de controle, como explicou o sociólogo: “O grupo armado que mais conquistou novos territórios nos últimos anos foram as milícias. As milícias têm uma forma de atuação bastante distinta do tráfico de drogas. Elas atuam, em primeiro lugar, a partir de uma diversidade e multiplicidade de setores econômicos. A base econômica das milícias é muito diversificada e atua parasitando serviços e equipamentos públicos urbanos. Por exemplo, a revenda de eletricidade, de água, construção imobiliária, internet, agua potável e gás. Todas as dimensões da vida urbana e cotidiana das pessoas acaba sendo afetada pelos negócios das milícias. Além das milícias poderem fazer isso muito em função de uma cumplicidade, de uma tolerância, conivência e penetração desses grupos nos agentes públicos”.

Segundo o pesquisador, o crescimento das milícias ocorre porque boa parte dos setores de segurança pública do Rio estaria corrompida: “O enfrentamento que foi feito durante décadas no Rio de Janeiro a partir de operações policiais rotineiras, se já não era eficiente para o enfrentamento ao tráfico de drogas, com relação às milícias é menos ainda. Precisamos ter uma atividade que integre uma limpeza do Estado, com relação a essa cooptação de criminosos nas suas fileiras e também uma atuação mais condizente no que diz respeito à regulação dos mercados urbanos. Muitas vezes você tem presença do Estado, mas não tem efetiva regulação urbana”. O governo do Rio de Janeiro foi contatado para falar sobre a pesquisa, mas a Jovem Pan News não obteve retorno até a publicação da reportagem.

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